quarta-feira, outubro 06, 2004

CONTINUAÇÃO V

Mais festas se seguiram e o casal marcava a sua presença sempre com uma postura social e moralmente invejável. Max estava cada vez mais orgulhoso de sua esposa e Marge quase já não fazia esforço para causar boa impressão. Era natural, espontânea....encantadoramente feminina!
Uma dessas noites, no salão contíguo à sala de música do palácio do Telles, amigo de longa data de Maximiliano, e por entre os cetins púrpura que vestiam paredes e bancos, a conversa entre Marge e Henrique era animada. Discutiam a “virtude de um homem de leis”, como Henrique em defender criminosos assumidos. Marge achava admirável se bem que um pouco fora seus princípios morais. Henrique...pois quem era Henrique? Henrique Telles, filho do abastado Eduardo Telles, jovem advogado, cobiçado pelos melhores partidos da região, tinha frequentado as melhores universidades do estrangeiro e exercia agora a sua profissão com êxito e orgulho. O velho pai preferia vê-lo casado e a tomar as rédeas das herdades da família...mas o rapaz, filho único, saíra travesso, paciência! Era como a mãe: bonito mas muito senhor das suas convicções!
E, encostado à ombreira da porta, com um copo de xerez na mão, Maximiliano observava-lhes os gestos, os sorrisos o olhar brilhante de Margarida. Hoje o preto do vestido, em contraste com o seu colo ebúrneo, davam-lhe um ar quase sobrenatural. E ele observava-lhe o cabelo sedoso que lhe pendia para as costas e quase chegava à cintura. E observava Henrique que, como um Hércules, se inclinava sobre ela como se lhe segredasse algo.
Nessa noite, na caleche, já de volta ao seu palácio...só Marge , ainda eufórica, contava o teor da sua discussão com Henrique. Parecia uma criança a quem dessem um novo brinquedo e não se cansava de o exibir...
- “Se a senhora, minha esposa, fizer o favor de se remeter ao silêncio”...Foram as únicas palavras que Marge ouviu e calou-se. Não entendia o porquê da rispidez da voz de Maximiliano, nem entendia o seu silêncio. Talvez estivesse doente, alguma dor...Quase abria a boca para perguntar mas...sabendo que isso poderia irritá-lo não disse coisa alguma.
Ao outro dia, a criada de quarto veio acordá-la cedo dizendo que o senhor estava na biblioteca à espera dela. Parece que queria conversar com a senhora...não sabia de mais nada! Tinham sido as ordens que a governanta lhe transmitira.
Preocupada, arranjou-se à pressa, e desceu sem tomar o pequeno-almoço. Só se ouvia o ecoar dos tacões dos seus sapatos e, quase ofegante, chegou à porta da biblioteca, respirou fundo, bateu e, depois de ouvir um “entre”...entrou. Maximiliano estava de pé, de costas para a porta, olhando a paisagem pela janela. Ela esperou, de pé também.

11 comentários:

Estrela do mar disse...

CONCHINHA...ainda não acabou a história!!!
Mas amiga estou a gostar bastante...o que será que Max tem para dizer á esposa?!
Agora é mesmo para dizer: Não percam cenas dos próximos capítulos...rs.
Eu vou cá estar para ver.
Um beijinho* blueshell.

Anónimo disse...

Aiaiaiai que o Maximiliano já está zangado. Ou serão ciúmes? Eles têm de se entender. Vá lá:-) Aguardo continuação:))wind

Anónimo disse...

hehehe..agora sim vem o desfecho!

fairy_morgaine
www.ogritodosilencio.weblog.com.pt

Politikus disse...

Aí vem molho de certeza....

mfc disse...

Se Max chamou Margarida à biblioteca, será que é agora que "vai abrir o livro"?
Estou em pulgas...

mfc disse...

Hoje já é amanhã e eu com o livro aberto...

Fata Morgana disse...

Já vi que vim caír num "5º episódio" :)
Parece interessante, tenho que voltar para ler os anteriores.
Beijinhos*

Anónimo disse...

tenho passado, lido, comentar só agora encontro tempo. gostei imensamente. parabéns. grande abraço. Carlos(www.basilides.blogger.com.br)

Red Boys ESTAÇÃO disse...

Tb me cheira a ciúmes...
Continua por favor... RÁPIDO...
bJS.

Red Boys ESTAÇÃO disse...

Tb me cheira a ciúmes...
Continua... RÁPIDO!!
bJS

Estrela do mar disse...

Então conchinha está tudo bem contigo?
Não é o desfecho da história que me está a surpreender agora...mas sim a tua ausência, amiga. Será que tem a ver com aquilo que fizeste...já sabes os resultados?
Um beijinho* para ti.