Eu estanquei antes que tu pudesses ver-me de onde estavas.
Meus olhos viam mas eu, na inocência dos meus 13 anitos, habituado a ver oa animais fazerem "aquilo" que Deus lhes ordenara que fizessem ( para nosso proveito e sustento), nunca havia visto uma fémea da minha espécie, assim, nuazinha e com tudo quanto Nosso senhor lhe deu à mostra, só para eu ver. Encolhi-me ainda mais não fosse dar-se o caso de ser tudo um sonho e tu desapareceres. E via-te chapinhar na água, como criança tola...parecias a chirita do meu pai, quando saía à solta pelos campos depois de ter estado presa nos currais! E a água escorria-te pelos seios que tu, ao mesmo tempo acariciavas com as mãos...e eles moviam-se ao teu toque; agora viraras-te de costas para mim e subitamente entraste toda dentro do ribeiro...para emergires depois, toda inteira, toda mulher! E o meu corpo tremia já! Sentia...sem saber o que sentia...mas algo em mim não estava bem. Era uma vontade, uma sede, um desejo, um tremor..mas sentia apenas meu corpo transformar-se...de menino em homem...Agora, passavas as mãos pelas virilhas...súbito olhavas o céu com um sorriso molhado também. E em mim o sentir foi total, pensei que era pecado o que via e por causa disso estava a morrer...sim, porque o meu corpo não me obedecia, estava estranho a mim, e eu sentia-me em contracções: "certamente estou a morrer" ( mas se aquilo era morrer a morte era boa) - Cheguei a pensar! Tive de me agachar e com ambas as mãos salvar o que restava de ums calções limpos vestidos ainda há pouco, pela manhã! Que havia de dizer ao pai? Ou como explicar à mãe?...senhora tão devota e amiga do Padre Felisberto!
Levantei-me, já homem....mas...só via o ribeiro. De ti...nem nas águas houvera ficado uma só ondulação que pudesse provar que ali estiveras. As lágrimas correram soltas, de revolta, mais do que quando o meu pai me dava uns cachaços por ter vendido a porca cevada por baixo preço na Feira de Montouro! E chorei, chorei...
Recordo, hoje, à ditância dos anos, o momento em que fui homem...não sei se a sério, se a sonhar...