domingo, dezembro 25, 2011

CONSOADA!

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(Foto de BlueShell)


Lá fora o vento frio fazia-se ouvir nos ramos nus das árvores que pareciam gemer implorando tréguas…



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(Foto de BlueShell)

Mas o vento persistia na sua fúria, teimava passar por baixo da porta e fazer-se convidado do aconchego deste lar.



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(Foto de BlueShell)



Dentro…o calor…não apenas da lareira acesa, dos troncos em brasa…mas a chama de uma união que o Tempo, as lágrimas e a Fé fortaleceram…


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(Foto de BlueShell)

quinta-feira, dezembro 22, 2011

FELIZ NATAL, Feliz Navidad, God jul, Hyvää Joulua, Merry Christmas...

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(Foto de BlueShell)

DESEJO a cada um de vós Um Feliz Natal e um Ano Novo Pleno de Saúde , Paz e Amor.




Nat3

(Foto de BlueShell)

I wish every one of you a Merry Christmas and a wonderful New Year full of peace, health and LOVE

BS

domingo, dezembro 18, 2011

Comboios... (parte I)

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(Foto de BlueShell)

Eu tenho “coisa” com comboios…

Sou eu e o pequeno cão que, deveras aborrecido pela espera, anseia pela viagem que o levará a outras terras, outros ares….

Muitas foram as vezes que apanhei aqui o comboio.
Diversos motivos, o mesmo local.

Em fevereiro passado, quando meu marido esteve internado, após uma cirurgia ao intestino, eu ia a Coimbra todos os dia para o visitar, saber como estava e quais os progressos relativamente ao dia anterior.
Meu coração ia sempre “apertadinho”…sem saber o que iria encontrar. A maior parte da viagem fazia-a sozinha. O comboio, vindo de Vilar Formoso, só começava a ficar com bastante gente a partir de Santa Comba Dão.
Às vezes podia ouvir, sem querer, conversas de circunstância que, em nada contribuíam para me alegrar.
Geralmente olhava pela janela, sem realmente ver a paisagem…e deixava-me ir, embalada pelo balouçar da carruagem. Frio, por vezes sentia frio… um frio que vinha de dentro de mim…e me gelava!

Um dia, à minha frente sentaram-se dois homens que falavam alegremente e, depois, um terceiro se lhes juntou sentando-se a meu lado. A sua presença não me incomodou. Disseram “bom dia” e eu retribuí educadamente: sempre, desde pequena fora educada de modo a cumprimentar as pessoas. Quase não os ouvia: geralmente criava uma barreira entre o espaço circundante e as minhas reflexões.

Subitamente, e com estrondo, abriu-se a porta à minha frente e, vindo de outra carruagem, apareceu o revisor (pessoa que verifica se todos temos bilhetes).
Naquele momento não estávamos senão ali os quatro passageiros…só lá mais para o meio da composição havia pessoas cujas vozes, indistintas, eu mal conseguia ouvir.
O revisor sorridente e para surpresa minha começou por dar os “bons dias” e…maior espanto meu, começou a dar um aperto e mão, a um, ora a outro, ora ao terceiro homem e todos , também sorridentes, lhe estendiam a mão cumprimentando-se mutuamente. Pensei rapidamente para comigo “A Empresa deve ter instituído a política de bom relacionamento humano entre funcionários e passageiros! Que gesto bonito”! E não me fiz esperar – estendi também a mão ao revisor num cumprimento demorado e rematado por um dos meus sorrisos que dizem (quem sabe) irradiam luz (mesmo em dias mais sombrios).
O revisor sorriu também ao meu cumprimento, viu o meu bilhete e disse obrigada, enquanto os outros três homens se olhavam entre si circunspectos! Mas…em vez de seguir seu giro verificando os bilhetes dos outros passageiros, deteve-se ali, de pé, em amena “cavaqueira” com os três indivíduos sentados à minha frente e ao meu lado.

Foi então que percebi: eram, todos eles, funcionários da empresa de caminhos-de-ferro…e o cumprimento inicial era de colega para colega…não seria suposto incluir o meu “aperto de mão”!


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(Foto de BlueShell)
(Dedicado a pessoas como eu: distraídas!)

terça-feira, dezembro 13, 2011

VEM...AGORA!

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(Foto de BlueShell)

Vem, deita-te comigo, aqui, a meu lado…
Deixa, na noite, o incerto Fado…



Vem, deita-te comigo…não ouças palavras ocas
de bocas sem freio! Vem…serei teu enleio.
Não ouças, da cidade, o marulho obscuro…
Puro é meu querer que te deites comigo.



Vem, vem deitar-te comigo agora…
Não creias no Tempo que passa lá fora,
Nem nas Horas que teimam em Ser…
Deita-te comigo e cobre-me toda…
Veste-me de amor, faz-me saber
Que, deitado ao meu lado,
(… e apesar do Fado)
Eu, assim inteira, serei mais mulher!




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(Foto de BlueShell)
Dedicado ao meu companheiro, meu cúmplice, meu amigo, meu amado...o MEU MARIDO!

sexta-feira, dezembro 09, 2011

VONTADE

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(Foto de BlueShell)


E apesar do escuro céu, apesar da chuva que me molha a alma e do frio que me desfolha a idade…
Sempre esta imensa vontade de te dizer que te amo!

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Horizontes

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(Foto de BlueShell)

No horizonte sombrio da demência
Sinto o temor,
O não saber,
O não ter,
e
O arder das mãos cansadas da tua ausência.

quarta-feira, novembro 30, 2011

SE É Importante para mim...para vós também será!




www.ciberescola.com





"A CiberEscola da Língua Portuguesa é uma plataforma de recursos interativos e cursos online de ensino do português e constitui um projeto único no universo de oferta editorial e institucional via Web.

(…)
É necessária apenas uma ligação à Internet. A plataforma funciona em qualquer browser, não sendo necessário o descarregamento de software adicional

(…)
Para além da interatividade utilizador-máquina, visada nos exercícios interativos, desenvolver-se-ão cursos online destinados a alunos de português língua estrangeira (ver Cibercursos da Língua Portuguesa) com acesso aberto aos materiais e produtos gerados em cada curso."

domingo, novembro 27, 2011

Capar pepinos???

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(Foto de BlueShell)

Era um verão quente aquele, de há alguns anos, em que eu tinha ficado de cuidar da quinta.
Sabia o suficiente de agricultura para, pelo menos, fazer as regas. E deslocava-me à aldeia dia sim, dia não,…se o tempo assim o ditasse, para cuidar dos tomates, do feijão-verde, das alfaces, dos pepinos …e do jardim: havia imensas plantas em flor mas o meu local preferido era o roseiral, pelas belas rosas que continha.

Num desses dia de rega, quando já o suor me escorria pela face, pescoço…e o meu cabelo se apresentava longe de ser decente…ei-lo: era o vizinho, o senhor Diamantino, viúvo e que sempre fizera a sua vida na, e para, a terra! Durante anos tivera rebanhos…agora cultivava algumas belgas de terra para seu consumo.
Viu-me, parou a bicicleta e cumprimentou-me:

-Bom dia, menina!(na aldeia, mesmo depois de sermos mulheres casadas…o “menina” tem sempre lugar…o que até nem me pareceu mal…digamos até que senti algum prazer nesse cumprimento).

- Bom Dia, Sr. Diamantino, vai benzinho?- disse eu de sorriso rasgado como é meu hábito.

- Vamos como se pode e os dias deixam…. – e sorriu.

- Eu ando a regar, como pode ver!

- Estou a ver…-fez silêncio…depois prosseguiu:
- Mas olhe, menina…

- Diga!

- A menina tem de “capar” esses tomates e esses pepinos! É que senão ficam “pequenos e amargosos”!

O meu olhar fulminou-o!
- Ó Sr. Diamantino, francamente, agora deu-lhe para gozar comigo, ou quê? – respondi de forma brusca pousando a sachola no rego por onde corria a água.. Olhe que o respeito é coisa que aqui ainda se usa…

Uma nuvem de imensa preocupação turvou-lhe o sorriso, saltou da bicicleta e, num ápice, já se encontrava junto a mim.
-Não, menina, não!!!…estou a falar sério, longe de mim, credo…

E vi que estava atrapalhado, sem cor…
Então explicou o que era “capar” os pepinos, e exemplificou.
-É que, tirando estes miúdos que estão no caule, os outros ficam maiores, mais carnudos e não amargam. O mesmo acontece com os tomates…ficam maiores, mais desenxovalhados.

Foi nesta altura que eu ruborizei…e senti uma imensa vergonha a somar à minha imensa ignorância no campo da agricultura. Pedi desculpa e agradeci…

Nesse dia aprendi, com um homem do povo, que se “capam”…pessoas e animais…e ainda tomates e pepinos…

Ah…e nesse dia trouxe comigo uma rosa…uma das minhas favoritas…e que hoje ofereço ao Joop...porque sei que gosta de rosas!



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(Foto de BlueShell)

terça-feira, novembro 22, 2011

(...já passou...)!!! estou apaixonada...SOU apaixonada!!!

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(Foto de BlueShell)

“As suas faces são como um canteiro de bálsamo, como flores perfumadas; os seus lábios são como lírios gotejando mirra com doce aroma."
Cânticos 5:13

A sua boca é muitíssimo suave, sim, ele é totalmente desejável. Tal é o meu amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalém.”
Cânticos 5:16
Bíblia Sagrada

...
Do meu amado sinto a suave carícia do seu olhar-me!
Suspiro … que entrego, sem temer, ao seu chamar-me!
Do meu amado quero a boca o ventre os lábios…
Em mim, quero dele a vontade e o peito,
Com que sonho e me desvendo nesse leito…

sexta-feira, novembro 18, 2011

Eu...e alguns dos outros....

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(Foto de BlueShell)

"Há falsidades disfarçadas que simulam tão bem a verdade, que seria um erro pensar que nunca seremos enganados por elas." - La Rochefoucauld , François


Afinal…Depois de tudo quanto tenho passado, perspetivo a vida de uma forma diferente…dando valor a isso mesmo: à vida!!! E prometi a mim mesma que iria ter um outro desempenho face às contrariedades…que, por vezes, não são senão coisas “mesquinhas" pouco dignas de mim…


PORÉM…quando vejo pessoas de suposta inteligência advogar e tentar impor valores que não praticam,…fico furiosa!


Pessoas que se julgam superiores a Deus… oh, imploro paciência para não perder a compostura que me caracteriza!


Pessoas que são “especiais” não deviam estar em contacto com as demais “unidades de carbono”: pode-se-lhes pegar algo ruim! Porque se não fecham numa campânula? Assim protegem-se de gentinha como eu… dos vermezinhos que posso acarretar comigo…


Pessoas que têm uma inteligência (alegadamente) acima da média não deviam estar entre as pessoas “normais” – deviam ser encaminhadas para projetos à altura das suas capacidades, sei lá…numa universidade …em…um qualquer lugar do planeta???...


Pessoas falsas e dissimuladas…devia ser-lhes dada uma hipótese de fazer “carreira em Hollywood”, nos estúdios da Universal, Paramount Studios, em L.A.…ou outros…Ganhariam “um Óscar após outro”! ( o Jerry Bruckheimer…por exemplo, poderia fazer bom uso dos seus talentos de representação…)


Pessoas “santas e de boa vontade” devem permanecer puras: para isso recomendo a clausura de um convento…



Estou zangada? Estou! Estou triste? …muito. Mas estou desiludida, sobretudo…porque pensei que havia alguma empatia, alguma compreensão e tolerância, alguma sensibilidade entre colegas de trabalho…afinal não há!!!


Há, sim, palavras que ferem mais que uma bofetada…e silêncios que dizem mais do que todo um discurso recheado de desprezo!(Digo eu...)


...sinto que peciso de me afastar,...em meditação, até a raiva passar:






af

(Foto de BlueShell)

domingo, novembro 13, 2011

EU DOU GRAÇAS!

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(Foto de BlueShell)


…e se olho e vejo árvores e flores…
Eu dou Graças!
Porque posso ver...
e por haver árvores e flores.


…e se oiço os pássaros cantando,
Crianças jogando à apanhada,
Ou a chuva batendo na calçada…
Eu dou Graças!
Por poder ouvir
Os pássaros
e haver crianças rindo e haver chuva…(ainda)!


…e se ao caminhar pelo íngreme chão
Que me conduz a casa eu sinto, antecipando,
O calor do fogo na lareira que me espera…
Eu dou Graças!
Porque posso ir pelo meu pé
e por ter casa onde me abrigar
e fogo onde me aquecer!


…e quando como esse pedaço de pão
Eu dou Graças!
Por poder trabalhar
E por haver o que comer na minha mesa.


…e quando, à noite, repouso em minha cama..
Eu dou Graças!
Pelo aconchego da roupa que me cobre
e pelo teto que me abriga…


…e quando sinto teu calor nesse abraço
que me sossega e me faz mulher-menina…
Eu dou Graças!
Por estares comigo, hoje…
E porque sei, então, nos braços teus,
Quão maravilhoso é
ter sido agraciada
pelo abraço incondicional de Deus.

(Grata ao amigo Rogério Pereira, ( http://conversavinagrada.blogspot.com/ )pela sugestão...que agradavelmente coloquei nos tês versos finais.)

quarta-feira, novembro 09, 2011

Laços....

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(Foto de BlueShell)


Hoje…é tarde demais…
Na varanda do Tempo
Não sinto meus passos ágeis…
Nem pinto com o olhar
Telas coloridas de nós….
Frágeis são os laços que
À vida nos prendem…

domingo, novembro 06, 2011

Sabes o que são ...as lágrimas dos anjos?

(Ligar o som...se puder dispor de uns minutos)




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(Foto de BlueShell)

Há muitos anos atrás encantei-me por essa música…
Hoje não resisti à tentação de a colocar…
Um pequeno presente meu
A todos quantos sabem o que é …AMAR!




AMOR SELVAGEM
Marcus Viana,
em Novela Brasileira "PANTANAL".


Quando os corações dos puros amam
Cala a imensidão, o espaço
E a eternidade ergue seu véu


Todas coisas vivas se aquecem
Todos olhos se iluminam
Com a luz de um outro céu


Corações selvagens
Quando batem de paixão
Acordam toda a natureza
Fazem a vida renascer


Florestas que queimaram
Voltam a se vestir de verde e flor
E as fontes que secaram
Ressuscitam ribeirões


Corações selvagens
Quando ardem de paixão
Incendeiam a noite, o tempo
E cegam sóis


Estrelas são as lágrimas dos anjos
A chorar
Por não terem o corpo e a vida
E não saberem o que é amar







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(Foto de BlueShell)

(A quantos me visitais peço um pouco de paciência comigo: farei por ter meu momento a sós com cada um de vós, de vos ler, vos "ouvir" pois esse é meu privilégio, minha a honra...só que vai demorar um pouquinho...está bem?)

terça-feira, novembro 01, 2011

(coisa típica dos machos de qualquer espécie)

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(Foto de BlueShell)
Este já é conhecido na blogosfera: o terrível husky…
Aqui…parece uma coisinha doce….a dormir à sombra, no seu canil, com o seu brinquedo preferido e …numa pose …estranhíssima.
Faz isso várias vezes: nunca vi um cão adotar esta postura para dormir.
Está “derreado”! Noites agitadas…de insónia …que não deixam dormir os humanos ao redor. (tenho de o mandar castrar…)

Há uns tempos atrás aconteceu-me algo …insólito:
Era um fim de tarde de Novembro…fazia já um frio de rachar.
Saí à pressa do trabalho e, inadvertidamente, deixei o casaco num dos gabinetes.
Ao chegar à porta de casa procurei as chaves, mortinha que estava para entrar no aconchego do lar. Mas…das chaves…nem sinal.

O vento frio da Serra da Estrela entrava pela camisola de lã , as minhas mãos estavam roxas….e eu batia o dente. Bolas tinha deixado as chaves de casa no bolso do casaco!!!
Teria de esperar que meu marido chegasse a casa…sempre a horas incertas.

Então, num ato de desespero, "pedi licença ao husky" e fui para dentro da casota. Ali estaria mais abrigada do vento, pelo menos isso. Sentei-me e acomodei-me num tapete velho que, nunca como antes, me cheirava imenso a “cão”!
Ele, por sua vez, estranhou ver-me aninhada a um canto do seus “aposentos” e…pensou que a dona queria brincar: saltou, rebolou-se, queria lamber-me a cara. Deitou a pata por cima dos meus cabelos e arrancou aí uma boa dúzia até eu lhe dar um berro. Amuou. (coisa típica nos machos de qualquer espécie) …
O tempo passou mas, pelo menos eu não estava a “tinir de frio”!

Era já noite quando ouvi a voz do meu marido chamar…e eu respondi:
-“Amor, estou aqui!"
- “Aqui? Onde é o aqui? – perguntou ele sondando o jardim na penumbra que já se instalara.
- “Aqui, na casota do cão”- e nesse momento já eu me levantara, com um pé dormente e, a custo , me dirigi para o sítio onde ele estava e onde eu poderia, por fim, aquecer os meus ossos, já tão massacrados pelo frio e por alguma falta de espaço.

Não sei descrever a expressão dele ao ver-me sair da casota do cão, de dentro do canil e chegar à sua beira…cabelos em reboliço e a cheirar a cão.
Era uma expressão de incredulidade…e um olhar pleno de interrogações.

Pobre marido…deve ter pensado, por momentos, que a sua querida, esbelta, dedicada, frágil e adorada esposa tinha enlouquecido e …quando eu já ia fazer o movimento de o abraçar ele desferiu a pergunta que quase lhe valeu um estalo: - “ O cão? O cão está bem?!”
(coisa típica dos machos de qualquer espécie)

quinta-feira, outubro 27, 2011

Teu sol beija meus lábios!

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(Foto de BlueShell)

É na força de teus braços que me deixo repousar
….
me entrego à ternura dos teus beijos …
….
E na fonte do teu corpo me deixo saciar!

Da minha boca escorrem as palavras magoadas
pelo Tempo…mas teu sol beija meus lábios
e cada abraço teu me mostra novas madrugadas.


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(Foto de BlueShell)

sábado, outubro 22, 2011

Sem ti!

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(Foto de BlueShell)

Debrucei-me sobre a minha imensa solidão…
E, em baixo, no reflexo do Tempo
Não me reconheci!


Do alto da minha solidão eu soube então
Que não sei viver sem ti!


dez

(Foto de BlueShell)

terça-feira, outubro 18, 2011

Blue Shell...why?...

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(Foto de BlueShell)

Atraquei num porto de palavras…e amarrei
Meu barco às sílabas soltas que saíam de sua boca!
Louca: pois que não vi o branco frio desse véu
Me cegar de eufemismos embalsamados…
Pensamentos estagnados presos em sílabas
Dispersas: areias no areal sem mar, sem sal….

Mas enquanto se banqueteava na sua fecunda
Hipocrisia [Homem …arrogante e opressor]…
Eu me libertei das sílabas mornas, sem sentido…
E corri, já sem o véu que me cobria…e me tolhia o ser…


Corri…e mergulhei, sem barco…ou medo algum
de perecer nesse mar, cor de céu, pleno de vida!
Me aconcheguei na minha essência,
Quase perdida, nela me firmei…
E em concha azul…me transformei!



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(Foto de BlueShell)

sexta-feira, outubro 14, 2011

FRÁGIL

me

(Foto de BlueShell)

Todos nós temos as nossas fragilidades e todos nós sabemos disso.
Porém, há dias em que parece que todas as fragilidades nos aniquilam:
tudo nos dói…na alma, no corpo…
E mesmo o que ontem nos fazia sorrir…hoje nos magoa…porque nos fere com aguçado gume.
São dores que não podemos combater ou aniquilar… porque nos pertencem, fazem parte de nós.
Dores que alastram pelo corpo abandonado ao Tempo e às memórias.
E as memórias, essas …têm tanto de aconchego como de chaga.

Então…sentimos que temos de fugir de nós para fugir da dor…temos de nos fragmentar de nos reinventar…para encontrar um pouco de paz, de alívio…

Puro engano: tudo permanece…e tudo será em vão:
Nem o orvalho, nem a lágrima se reinventam em metáforas prenhes de ilusão…pois serão sempre orvalho…sempre lágrima e os passos que damos não sublimam o chão!

 

cont

(Foto de BlueShell)

domingo, outubro 09, 2011

Teu amanhecer em mim






mei

(Foto de BlueShell)


Amanheceste em minhas mãos
e teu Sol conquistou meu corpo,
me aqueceu,
me enlouqueceu de prazer…
Amanheceste em mim…
e eu me aconcheguei em ti
e me deixei extasiar …
sem pudor!


Amanheceste no meu âmago e me iluminaste
O querer…


Em puro júbilo…deixei-me simplesmente ser,
Amor.

(De coração agradeço a Evanir o seu carinho, postando um poema meu: obrigada amiga)

quarta-feira, outubro 05, 2011

DEMORA...





por

(Foto de BlueShell)


- Não, menina, aqui já não há ninguém…

os filhos, a bem dizer, naquele tempo de grande miséria,
Uns emigraram p’ro Brasil, p’lo sustento;
Outros, os mais novos, soube-se terem ido para França
Por lá ficaram …que deles não se ouviu
Mais notícia alguma…em todo este tempo, nada.
E os velhotes a modos que se deixaram
Consumir p'lo desgosto…
Iam tendo criação, umas belgas de terra:
Milho, umas videiras… oliveiras…milharada...
Viam-se, por vezes, a andar à lenha:
Primeiro foi-se ela, a ti’Amélia… Deus a tenha!
Depois, o Firmino, quem diria, sempre fino
Foi-se, menos de um ano depois, em agosto.

- Não, menina, aqui já não mora ninguém…



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(Foto de BlueShell)

domingo, outubro 02, 2011

...cor..



ver

(Foto de BlueShell)

Sabes de que cor se veste a esperança?
Veste-se da cor do universo contida nos teus olhos quando despertas junto a mim e me abraças em silêncio.
Sabes de que cor se veste a esperança?
Veste-se do teu sorriso puro quando passas teus dedos por entre meus longos cabelos.
Veste-se das palavras que nossos olhares trocam num espaço e num tempo que mais ninguém conhece e que é só nosso …
Sabes de que cor se veste a esperança?
Veste-se do orvalho que rasga meu corpo de tanto te amar, de tanto te querer…
Veste-se de melodias só nossas, veste-se de cada novo amanhecer coroado de vida…
Sabes de que cor se veste a esperança?
Veste-se do sabor do teu corpo pronto na entrega e do meu deixar-me conter em ti.





ribeiro

(Foto de BlueShell)

terça-feira, setembro 27, 2011

Ainda me queres?





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(Foto de BlueShell)


Doces são esses beijos que te peço. E tropeço na Ideia do não ter …
Ainda me queres?

Vem vindimar meu corpo que é teu… É minha essência que te chama,
Ainda me queres?

Vem, traz teu néctar e, juntos, daremos calor aos lençóis da nossa cama.
Ainda me queres?

!Esclarecimento: não estou a  conseguir comentar em alguns blogs: comento mas depois o comentário não fica registado...não dá entrada! Peço desculpa, embora seja um problema que me transcende. Grata pela compreensão!
BlueShell


sexta-feira, setembro 23, 2011

Sinto demais…

teia

(Foto de BlueShell)


O Tempo faz e desfaz…
O Tempo leva e não traz!

E eu sinto que sinto demais…
Emaranhado de sentires pintados
em telas comidas pelos dias que ruíram
sob o peso do ser…
Sou teia frágil que prende a saudade
Com a força do muito querer!

segunda-feira, setembro 19, 2011

Que Susto!

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(Foto de BlueShell)

-Ai...!lindo bichano,que susto!!!


Esses olhos penetrantes,
lindos, cheios de vida...
dão encanto a um novo dia...
mas fazem-me sentir...despida!!!
...

quinta-feira, setembro 15, 2011

AFINAL...






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(Foto de BlueShell)

A noite me abriga, me seduz…
Candeias envoltas na sombra.
Do mar, a espuma dos dias,
Flui e me foge…sem nada, sem luz.
E há vozes que chamam meu nome
Vozes que não reconheço…
Afinal…à noite nada digo, nada peço…
[Só queria ser criança outra vez…]

sábado, setembro 10, 2011

Silêncio-dor.




cad

(Foto de BlueShell)


Escondes a aloquete a dor que não dizes,
nem queres mostrar…
Porém eu vou além do teu silêncio …
vou e sei e sinto!


Mas a tua solidão, o teu sofrer
não consigo mitigar…e dói.
Porque estamos sós, ambos, no nosso silêncio-dor.


Escondo no sorriso amargurado
a melodia com que te quero embalar!
Partitura sem clave: é este o presente
que me invade, é este o meu fado, amor.

quarta-feira, setembro 07, 2011

Bichano madrugador...

bi

(foto de BlueShell)

Ai bicho, bichinho que foi que te deu?
Aninhas-te agora no vaso que é meu?
Bichano malandro, não tens onde ir?
Cuidado Bichinho, que ‘inda vais cair…


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(foto de BlueShell)
Bichano lindinho, faz-me um favor:
Vai ver se está quente o teu cobertor…
E olha, se estiver, lindo bichanito
Dorme lá um sono…deixa o meu vasito.

domingo, setembro 04, 2011

Qualquer semelhença com um enredo de ficção...é pura coincidência!







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(foto de BlueShell)

A calma da tarde parecia queimar nossos corpos. Uma tarde de agosto, daquelas tardes de sol de figos e uvas e amoras e searas..
Dentro de casa o velho cão estava sorumbático…






abor2

(foto de BlueShell)

...depois ficou impaciente. Um cão sem vida “social” é um cão só…não obstante os mimos dos donos.

Fiz-me ao fogão e, num instante, arranjei uma merenda: batatas albardadas, rojões, carne assada no forno e, depois, fatiada; houve ainda tempo para fazer um bolo e uma pizza (receita minha). Havia melão, uvas e maçãs. Água e um sumo natural. Ah e pão! Enfiei tudo na cesta e numa outra, uma manta onde pudéssemos sentar-nos.
A tarde começava a refrescar quando nos metemos no carro que ainda abafava. Os meus cabelos compridos e louros caiam pelo colo mas tive de os prender com um gancho para não me fazerem transpirar ainda mais.
Sem uma rota, sem um destino…deixámo-nos levar pela estrada, quase sem movimento.
Viu-se então um largo e, no centro…uma pequena capela rodeada de imensas árvores. A sombra acolheu-nos com uma brisa leve e pura plena de cheiro a pinhais e a esperança.





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(foto de BlueShell)

Olhei disfarçadamente meu marido e vi que estava feliz. Então fiquei feliz. Naquela tarde de agosto o calor já não fazia doer. E quando estendi a toalha e nela coloquei toda a merenda eu era a mulher mais feliz do mundo.
A pequena capela …as árvores, o odor quente a campo…tudo estava em harmonia.
Levantei os olhos e o céu azul lá estava como que a querer abraçar-nos, unir-nos ainda mais. Uma união que não se consegue com os simples votos feitos frente a um Padre mas sim uma união plena, inteira…sem palavras pronunciadas…apenas com um estar, um olhar, um entender em silêncio cúmplice cortado, apenas, pelos movimentos dos pássaros agitados ainda do calor do dia.

Sentámo-nos para saborear a merenda …mas nesse momento eu soube…que connosco se havia sentado também o Medo. Um medo real…a iminência de um telefonema do IPO, médicos e seus diagnósticos, os elevadores com cheiro a medicamentos, os corredores vazios de sentido mas cheios de gente de expressão apagada. E senti uma dor terrível que me prendeu ao chão e me fez deixar escapar uma lágrima.
- “Não; este fim-de-tarde é nosso, apenas nosso!” – pensei, num misto de dor e raiva!
Olhei o meu marido mas não lhe vi o olhar: tinha os olhos cravados no chão. Adivinhei os seus pensamentos tal como ele adivinhara já os meus. Até o velho cão parecia cansado….mais velho ainda.
Senti que as mãos me tremiam e olhei, de novo o céu, numa prece muda…uma prece na qual entreguei todo o meu ser, toda a minha Fé…como se toda a minha energia convergisse para ela deixando-me prestes a desfalecer. E cerrei os olhos com muita força para que,…quando os abrisse, o Medo já tivesse ido embora de vez.






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(foto de BlueShell)

Não sei ao certo quanto tempo assim permaneci. Senti que o sol me tentava tirar do torpor em que havia imergido. Abri os olhos e parecia que o sol queria envolver-me, rompendo através do cedro que estava à minha frente. Até uma leve brisa, mais fresca, desalinhou meus cabelos compridos e louros…
Já não tinha medo.



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(foto de BlueShell)

E naquela tarde de calma do mês de agosto, entre o muito amar e o muito temer…percebi que Alguém maior que o Medo estava ali comigo. Sempre estivera, afinal…


terça-feira, agosto 30, 2011

Todavia...



flo

(foto de BlueShell)

Nesse tempo havia
a suprema certeza de tudo!
[Todavia, flores eram flores…]
E os amores …sonhados…de príncipes alados,
Povoavam meus dias!
[Todavia, flores eram flores…]


Cresci sem saber…ninguém me avisou….
O tempo passou na roda do rio…
[Moinho que esmaga sonhos e trigo]
… E levou de nós a essência consigo!