terça-feira, abril 30, 2013

Este é



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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL
Este é o povo que chora… lamenta a partida dos que procuram outras terras, longe, longe…. …que teme…que sofre e não entende…. Este é o povo que transporta, de geração em geração, o saber… …as tradições, os costumes… Este é o povo que faz filhos sem pressa e que depois, rotos e descalços, se tornam homens e mulheres de força. Homens e mulheres que trabalham no frio do inverno e esturricam sob o sol de agosto. Filhos vão à escola de mãos gretadas e unhas sujas da terra que amanham, da azeitona que apanham mas que a escola não entende, filhos que a escola humilha porque são diferentes: trabalham.

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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL
Este é o povo que somente conhece domingos e dias santos para vestir um fato que se guarda para ocasiões…porque todos os dias são dias de trabalho árduo, invisível aos nossos olhos. Sim, aos nossos, gentinha fútil que se passeia pela baixa de uma cidade qualquer deambulando…vendo montras onde a luz artificial é tão artificial como o sorriso do gerente que nos tenta vender um qualquer artigo obsoleto que não usaremos nunca…

Este é o povo que ri na arranca da batata, que brinca nas desfolhadas…que estruma as vinhas, que roça mato, que limpa os currais e faz a “cama” à criação. O povo que respeita os animais e se tem de os matar é por precisar de dar de comer a um “rancho de gente”! Este é o povo que não abandona os animais porque eles estão lá, companheiros de trabalho, dia após dia. Este é o povo que aprende numa outra escola, sem humilhação, sem marginalização….

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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL
Este é o povo que treme nas noites de trovoada, e reza como ninguém pedindo, entre soluços, que haja misericórdia…
Este é o povo esquecido… 
Este é o povo… 
O meu!

quinta-feira, abril 18, 2013

SER...



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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL


É tudo tão difícil…

Os gestos pesam, doem…

Solidão…companheira fiel de Horas certas…
Embala-me com jeito e deixa que o Tempo me leve
Por entre serras e rios…searas e lavradios…
[longe dos homens, longe da gente]
Até que rosas de pétalas aladas
Me esperem em leito eterno e silente….

quarta-feira, abril 10, 2013

O HOMEM DAS MUITAS CARAS...


Anda por aí um sujeito…(se é que se pode chamar sujeito “àquilo”) que tem várias pernonalidades distintas.
Numa delas, defensor da moral e dos bons costumes, mostra-se cordato e humilde (lol)
Mas quando veste a pele de qualquer das outras personalidades, transmuta-se passando a ostentar uma vaidade, uma arrogância exorbitante
. Então, sobretudo quando se senta atrás de uma secretária, fica irreconhecível, qual  Pavo cristatus da Beira Alta.
O curioso é que pensa que cada uma das suas personalidades é irresponsável pelos atos que as outras praticam.
Vamos ver até quando…

segunda-feira, abril 01, 2013

R.I.P. BONNI


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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL

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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL
Não tenho muitas palavras… Tenho lágrimas e saudade.
Tenho as memórias da tua fiel companhia ao longo destes 15 anos. 

Chegaste no bolso da jaqueta de ganga de uma ex-aluna…sem que o condutor do autocarro desse conta da tua presença, qual passageiro clandestino! E a minha primeira preocupação foi perguntar se tinha de te dar o biberão, de tão pequeno que eras.

Foste crescendo e foste das melhores coisas que nos aconteceu, a mim e ao dono, tu sabes. Teimoso, determinado, refilão… tive de te “ensinar” algumas regras. Sim, querias mandar. Querias ser gente e foste mais “gente” do que muita “gente” que conheço. Soubeste, à tua maneira, ser companheiro, fiel…estiveste presente nos bons e maus momentos das nossas vidas. E tu sabias, sem que nada fosse dito, quando a dona estava triste…ou preocupada. Sim, tu sabias. Das palavras dos humanos percebias algumas, muitas até. E amuavas, bem sabes que sim, quando algo não era do teu agrado. Mas logo estavas ali…para nós, para com a tua presença nos lembrares que “estavas bem” quando os donos “estavam bem”!

Lembro-me como gostavas de andar de carro, de deitar a cabeça fora do vidro e apanhar o vento …lembro como gostavas de te enfiar debaixo das mantas no inverno….ou de correr livre por entre as ervas altas, mais altas que tu…fazendo com que apenas se visse, a cada saltitar, a ponta do teu focinho e essas orelhas cobertas de “louros cabelos”…. Mas o banho…que inferno, Bonni. Era coisa que detestavas…o banho… Eu bem te dizia que era para ficares bonito…mas não havia argumento que te convencesse…”banho? Jamais”!

Pois, mas os anos passaram…e agora já te custava correr. A dona sabe que aos poucos foste ficando mais fraco, menos refilão… e, ao fim de 15 anos, o dono e a dona tiveram de te deixar partir.
Sei que sabias que tinha de ser. Soubeste-o antes de mim. E nos teus olhitos eu soube que era chegada a hora de te deixar descansar.

Doeu, Bonni! Porra, doeu muito. 

Mas acredito que haja um lugar onde agora estejas em paz, sem dores, sem frio….e onde possas encontrar afecto também. A dona e o dono vão lembrar-te sempre com muito carinho, tu sabes. Porque o sentiste, na despedida, sim, sentiste a nossa dor e soubeste que ias ficar sempre connosco. 
Obrigada, meu Bonni, “meu pequenino cão”, como eu te chamava…lembras-te?
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