quinta-feira, janeiro 31, 2013

Da melodia ...Pátria nossa!



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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL
Sei-te…

Da cor do rio , da cor das flores que despontam na memória…
Da melodia das gaivotas que povoam a minha vontade
De crescer em força e saber.
E os rebanhos que existem entre oliveiras são do povo
O erguer das bandeiras do sangue e do suor da luta
Sei-te…
Hoje mais que nunca, Pátria amada, aliada
 da terra,
 do vento,
 do mar,
 do fogo…
 que pulsa livre em cada praia, em cada serra…



reba
(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL

sábado, janeiro 26, 2013

Julguei...(conclusão)



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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL
Agora, quase 30 anos depois ali estava eu, mais uma vez, à frente daqueles jovens.
A inocência …uma inocência que acolhe alguma traquinice, alguma irreverência e indisciplina  e que é preciso “dominar “… estava ali, como estivera quase sempre nos últimos anos.
Nunca quis ter, nas minhas aulas, os alunos aprumados como se de soldados se tratassem. Mas sempre lhes exigi respeito. Respeito por eles mesmos, respeito uns pelos outros, pelos pais que, lá fora, trabalhavam de modo a que eles pudessem ter o privilégio de frequentar a escola, e respeito por mim. E, dentro desse espírito, havia espaço para uma aprendizagem sem necessidade de grilhões, de coação ou constrangimento.  Mais: para além dos conteúdos indicados pelos programas havia sempre espaço para uma outra aprendizagem: valores como a humildade ,a honestidade, a misericórdia, a dignidade e outros, muitos… mas sempre sem impor as minhas convicções político-religiosas. E ralhei…ao mesmo tempo que dei afeto. Pois o que é o afeto se não houver reprimenda quando se erra? Quando se procede mal? Então há que repreender porque isso significa que nos importamos com eles, com esses jovens. E eles sentem isso. Sentem, numa repreensão o mesmo afeto que sentem num elogio. Não de imediato, obviamente, mas mais tarde, senti-lo-ão.
Sim, penso que fiz um bom trabalho ao longo desses anos.

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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL
Mas hoje ao olhar aqueles jovens sinto que pouco lhes posso dar.
Há tanto cansaço, tanta desilusão….tantas horas na escola que em vez de serem para os alunos são para os burocratas…para gáudio dos que “vivem” em gabinetes “forrados  a papéis”!, com “cortinas feitas de papéis”…e por isso não veem para lá delas…não veem a realidade para lá das opacas janelas desses bafientos gabinetes!!!
Cansada de ter de concordar à força de ter de concordar… com um sistema que nada traz de profícuo a alunos…muito menos aos do interior…sempre ostracizados e esquecidos…como há 40 anos atrás!!!
Olho para eles e vejo, nos olhos de cada um deles, a pequena que fui…uma pequena guerreira que se aventurava de noite pela estrada de macadame para apanhar a carreira e poder ir às aulas. Uma pequena que se fez mulher e concretizou o sonho de ser professora. Uma professora que sempre cumpriu com os seus deveres, que sempre foi fiel aos seus princípios e, sobretudo, aos seus alunos. Uma professora que muito raramente dava uma falta. Apenas por doença ou nojo! Uma professora que dava mais tempo à escola do que à família. Que se obrigava a abdicar de tanta coisa em prol da escola que amava….
Lembrei-me agora…Uma dia, ou melhor, uma noite ia eu dar aulas a um curso de alunos adultos, coloquei mal o pé no degrau pois o patamar estava com as luzes desligadas e eu caí pelas escadas abaixo só parando no “cotovelo” da escadaria. Umas funcionárias que andavam a fazer a limpeza ouviram meus gritos e deram comigo toda enrodilhada e a gemer. Fui para o hospital e já não dei aulas essa noite. Mas ao outro dia lá estava eu: pois se não tinha nada partido nem deslocado…as equimoses não eram na língua e, mesmo sendo em quase todo o corpo,  não me impediriam de dar aulas…
Tinha os olhos daqueles jovens cravados em mim…queriam saber quem eu era, como eu era…que teria para lhes ensinar…e eu ali, diante deles com uma imensa vontade de desistir deles. Eu ali diante deles com um imenso cansaço, com um desalento tamanho…que chegava a doer….que ardia na garganta e me pesava no peito. Súbito…deixei de lhes ver os rostos e na minha mente surgiram duas imagens: as dos diretores das escolas e a do meu pai no caixão, no dia em que foi sepultado. Porquê essas duas imagens assim? Porquê? Então era por isso que não via o rosto de meus  alunos: meus olhos estavam plenos de lágrimas…e eu não queria que elas  transbordassem…não queria , meu Deus, não queria que me vissem chorar… não ali…, por favor, não ali….
Virei-me de costas e escrevi meu nome no quadro enquanto, disfarçadamente, secava as lágrimas.
Depois, com um ar autoritário, disse:
- Meu nome é Isabel M. e serei vossa professora.
Mas mentalmente pensei…. devia dizer-lhes era-“ Julguei que era meu dever ensinar…afinal querem que eu preencha papéis….e papéis...e papéis…”
Só que já tinha tomado uma decisão: não iria desistir deles: contra tudo e contra todos, sujeitando-me a todas a penalizações…o meu dever, a minha lealdade era, é e será para com os meus alunos: lutarei por eles mesmo que eles não o saibam nunca…

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Serei guerreira novamente e vencerei porque lutarei pelo que é justo…e porque sei… que tenho comigo…todos os trunfos!


Salmos 118:6
O SENHOR está comigo; não temerei o que me pode fazer o homem.
The LORD is with me; I will not be afraid. What can man do to me?

sexta-feira, janeiro 18, 2013

Julguei que era meu dever ensinar…



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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL
À minha frente rostos inquiridores! Quase tudo meninas, só um rapaz.
Feitas as apresentações coloquei as regras, muito claras, para que não houvesse “surpresas desagradáveis”!
Quase todos os alunos viviam fora da cidade à exceção de uma menina.
Estatuto social…baixo….
Dificuldades…muitas, a todos os níveis.

Lembrei  a minha infância. O ter de ir a pé por meio de matas até à paragem da “carreira”…cedo, ainda escuro… E à noite, no regresso, o mesmo percurso. Depois o ter os deveres para fazer, o sono a vencer-me as forças…
E tinha sorte porque colegas meus ainda tinham de ajudar os pais a recolher os rebanhos, a ordenhar, a fazer a vianda para os porcos, em currais húmidos e fétidos.
Boa aluna, sempre. Aplicada, sabia que queria ser professora e sabia que tinha de me esforçar: meus pais faziam um imenso sacrifício para eu poder estudar. O mínimo que eu poderia fazer era ser boa aluna.

Toda a minha vida estudantil decorreu sem incidentes…quase sem incidentes…até ao dia em que fui fazer um exame de Inglês. Era  a nível nacional. Falava de desportos “radicais" à beira mar como o “surf” e outros…cujo nome desconhecia….
-“ Mas que raio sei eu disto??? Porventura sabem que vivo à beira da Serra? Vi o mar algumas vezes, sim…mas colegas meus nunca viram o mar!”
Fiz o exame e tive uma boa nota. Mas aquela imagem de que poderia ter feito melhor se o texto me “dissesse” algo…ficou cá, como um estigma!
(continua)

domingo, janeiro 13, 2013

Dou Graças...


Gratitude Sunday #2


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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL
Dou Graças por estar viva, por poder ver, ouvir, tocar...por ter minha família, por ter comida e abrigo e pela certeza da Salvação em Jesus Cristo.


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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL

E tu? 
Pelo que dás Graças esta semana?
What are you Grateful for this week?

sábado, janeiro 12, 2013

LEONTIEN, o FIM DA LUTA...



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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL
Leontien faleceu, vítima de cancro.
Lutou, com garra, pela vida…mas repousa agora, sem dor, nem sofrimento.
Descansa em paz, Leontien.

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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL
Estas flores são para ti

Rest in peace, Leontien.  We will miss you.





quinta-feira, janeiro 10, 2013

ESTOU PRONTA



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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL
Que posso eu?

Eu? que por vezes nada consigo escrever…pelo excesso de sentir…pela avassaladora e fugaz  imersão no pensar desregrado….

Que posso eu?
Posso, enquanto sangue me percorrer as veias,
Erguer-me  e dizer “Não”.
Basta que muitos digam “não”!

Que posso eu, senão agitar a bandeira da revolta contra a opressão?
Contra a prepotência, contra a dissimulação, a injustiça, a afronta?
Que posso eu?

Quando o meu País se desmorona e
As memórias de todos os heróis mortos clamam desde Longe no Tempo…
É chegado o momento…estou pronta!

sexta-feira, janeiro 04, 2013

BARCO ANCORADO



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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL
No meu pequeno barco

Descobri tantos mares,
Vidas e tantas cores…
No meu pequeno barco
 descobri  paixões, Amores
 e vi, do sol, a luz que orvalha
e brilha sobre nossos seres..

Mas vi dor, injustiça e cobardia…
Vi miséria e hipocrisia
…a tolher cada manhã.
Senti no corpo a mentira,
Na alma… a palavra vã….

Ancorei meu pequeno barco
E em terra ele ficou
Nem de mim , nem de ninguém
Mais se soube o que restou…