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sábado, janeiro 26, 2013

Julguei...(conclusão)



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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL
Agora, quase 30 anos depois ali estava eu, mais uma vez, à frente daqueles jovens.
A inocência …uma inocência que acolhe alguma traquinice, alguma irreverência e indisciplina  e que é preciso “dominar “… estava ali, como estivera quase sempre nos últimos anos.
Nunca quis ter, nas minhas aulas, os alunos aprumados como se de soldados se tratassem. Mas sempre lhes exigi respeito. Respeito por eles mesmos, respeito uns pelos outros, pelos pais que, lá fora, trabalhavam de modo a que eles pudessem ter o privilégio de frequentar a escola, e respeito por mim. E, dentro desse espírito, havia espaço para uma aprendizagem sem necessidade de grilhões, de coação ou constrangimento.  Mais: para além dos conteúdos indicados pelos programas havia sempre espaço para uma outra aprendizagem: valores como a humildade ,a honestidade, a misericórdia, a dignidade e outros, muitos… mas sempre sem impor as minhas convicções político-religiosas. E ralhei…ao mesmo tempo que dei afeto. Pois o que é o afeto se não houver reprimenda quando se erra? Quando se procede mal? Então há que repreender porque isso significa que nos importamos com eles, com esses jovens. E eles sentem isso. Sentem, numa repreensão o mesmo afeto que sentem num elogio. Não de imediato, obviamente, mas mais tarde, senti-lo-ão.
Sim, penso que fiz um bom trabalho ao longo desses anos.

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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL
Mas hoje ao olhar aqueles jovens sinto que pouco lhes posso dar.
Há tanto cansaço, tanta desilusão….tantas horas na escola que em vez de serem para os alunos são para os burocratas…para gáudio dos que “vivem” em gabinetes “forrados  a papéis”!, com “cortinas feitas de papéis”…e por isso não veem para lá delas…não veem a realidade para lá das opacas janelas desses bafientos gabinetes!!!
Cansada de ter de concordar à força de ter de concordar… com um sistema que nada traz de profícuo a alunos…muito menos aos do interior…sempre ostracizados e esquecidos…como há 40 anos atrás!!!
Olho para eles e vejo, nos olhos de cada um deles, a pequena que fui…uma pequena guerreira que se aventurava de noite pela estrada de macadame para apanhar a carreira e poder ir às aulas. Uma pequena que se fez mulher e concretizou o sonho de ser professora. Uma professora que sempre cumpriu com os seus deveres, que sempre foi fiel aos seus princípios e, sobretudo, aos seus alunos. Uma professora que muito raramente dava uma falta. Apenas por doença ou nojo! Uma professora que dava mais tempo à escola do que à família. Que se obrigava a abdicar de tanta coisa em prol da escola que amava….
Lembrei-me agora…Uma dia, ou melhor, uma noite ia eu dar aulas a um curso de alunos adultos, coloquei mal o pé no degrau pois o patamar estava com as luzes desligadas e eu caí pelas escadas abaixo só parando no “cotovelo” da escadaria. Umas funcionárias que andavam a fazer a limpeza ouviram meus gritos e deram comigo toda enrodilhada e a gemer. Fui para o hospital e já não dei aulas essa noite. Mas ao outro dia lá estava eu: pois se não tinha nada partido nem deslocado…as equimoses não eram na língua e, mesmo sendo em quase todo o corpo,  não me impediriam de dar aulas…
Tinha os olhos daqueles jovens cravados em mim…queriam saber quem eu era, como eu era…que teria para lhes ensinar…e eu ali, diante deles com uma imensa vontade de desistir deles. Eu ali diante deles com um imenso cansaço, com um desalento tamanho…que chegava a doer….que ardia na garganta e me pesava no peito. Súbito…deixei de lhes ver os rostos e na minha mente surgiram duas imagens: as dos diretores das escolas e a do meu pai no caixão, no dia em que foi sepultado. Porquê essas duas imagens assim? Porquê? Então era por isso que não via o rosto de meus  alunos: meus olhos estavam plenos de lágrimas…e eu não queria que elas  transbordassem…não queria , meu Deus, não queria que me vissem chorar… não ali…, por favor, não ali….
Virei-me de costas e escrevi meu nome no quadro enquanto, disfarçadamente, secava as lágrimas.
Depois, com um ar autoritário, disse:
- Meu nome é Isabel M. e serei vossa professora.
Mas mentalmente pensei…. devia dizer-lhes era-“ Julguei que era meu dever ensinar…afinal querem que eu preencha papéis….e papéis...e papéis…”
Só que já tinha tomado uma decisão: não iria desistir deles: contra tudo e contra todos, sujeitando-me a todas a penalizações…o meu dever, a minha lealdade era, é e será para com os meus alunos: lutarei por eles mesmo que eles não o saibam nunca…

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Serei guerreira novamente e vencerei porque lutarei pelo que é justo…e porque sei… que tenho comigo…todos os trunfos!


Salmos 118:6
O SENHOR está comigo; não temerei o que me pode fazer o homem.
The LORD is with me; I will not be afraid. What can man do to me?

sexta-feira, janeiro 04, 2013

BARCO ANCORADO



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(Foto e texto de BlueShell)- PORTUGAL
No meu pequeno barco

Descobri tantos mares,
Vidas e tantas cores…
No meu pequeno barco
 descobri  paixões, Amores
 e vi, do sol, a luz que orvalha
e brilha sobre nossos seres..

Mas vi dor, injustiça e cobardia…
Vi miséria e hipocrisia
…a tolher cada manhã.
Senti no corpo a mentira,
Na alma… a palavra vã….

Ancorei meu pequeno barco
E em terra ele ficou
Nem de mim , nem de ninguém
Mais se soube o que restou…

sexta-feira, outubro 05, 2012

Sei que Tenho Todos os Trunfos...



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(Foto de BlueShell) -Mangualde, Portugal


Escuros os trilhos que trilho…
Amplos os horizontes que espero…
Sei o que quero!
Temo apenas do medo a mordaça…
Temo um presente de astúcia e
De gente que oculta a verdade
sob o manto da falsa legalidade!
Gente que se pavoneia “na praça”…
[Quanta vaidade!]

Mas sei o que quero…
E sei que tenho todos os trunfos
Desse jogo que fui obrigada a jogar

Sei o que espero de mim…
Sei com quem posso contar!
Amplos os horizontes que espero…
Sei o que quero!
Basta-me apenas…esperar!!!

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(Foto de BlueShell) -S.Pedro de Moel,  Portugal

segunda-feira, junho 25, 2012

LIBERTAÇÃO






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(Foto de BlueShell) - Portugal

“Amigo disfarçado, inimigo dobrado.”



Dulce conhecia esse pedaço de sabedoria popular mas nunca, nunca em sua vida lhe dera o real significado…nunca sentira, no corpo e na alma, essa dor provocada por alguém cuja amizade é apenas simulada!



Enquanto caminhava só se lembrava dos momentos de dor intensa provocada por esse homem: sedutor, provocador, bajulador, mentiroso…cuja máscara caíra perante ela mas que continuava a ter os seus “lacaios” – os que, como ele, se alimentavam da boa-fé, da integridade que caracteriza os justos!
Não tinha medo dele. Nem respeito. E a sua natureza pedia vingança. Um querer agir que parecia estalar-lhe no peito…
Não tinha medo dele…tinha medo de si mesma, do que poderia fazer se o visse à sua frente. Sim, sentia raiva…e horror desse sentimento. E nojo de ter privado durante mais de 20 anos com uma criatura que era, em tudo, o estereótipo da ignomínia!

Caminhava sem sentir o vento fustigar-lhe o rosto e a alma! Caminhava sem sentir o cansaço…sem ver o que a rodeava. Sentia que era urgente chegar. Precisava chegar antes de mudar de ideias e voltar atrás. Sentia, sim, que tinha pressa. Porque voltar atrás era tornar-se igual a ele, pior que ele…era descer ao patamar da agressão…do ódio cego. Não, não o faria nunca! Mas precisava chegar depressa! Por isso rompeu caminho por entre tojos e silvas que lhe feriam os tornozelos…mas precisava chegar. Não sentia dor, nem sentia o sangue que, quente, fazia como que sulcos nas suas pernas.

Desfigurada pelo cansaço e pelas cicatrizes de tempos de luta…chegou!
Ali, no alto, sentia agora uma Paz…uma libertação de tudo o que deixara e que a conduziria à perdição. Não sentia o frio…sentia o calor de uns braços que não eram deste mundo. Ajoelhou.
E assim esteve, longo tempo, numa oração que ninguém pôde ouvir!

Depois, lentamente, ergueu o rosto macerado e balbuciou:

“A ti levanto os meus olhos, ó tu que habitas nos céus.

 Assim como os olhos dos servos atentam para as mãos dos seus senhores, e os olhos da serva para as mãos de sua senhora, assim os nossos olhos atentam para o SENHOR nosso Deus, até que tenha piedade de nós.



 Tem piedade de nós, ó SENHOR, tem piedade de nós, pois estamos assaz fartos de desprezo.

A nossa alma está extremamente farta da zombaria daqueles que estão à sua vontade e do desprezo dos soberbos.”
(Salmos 123:1-4)

 Unto thee lift I up mine eyes, O thou that dwellest in the heavens.

 Behold, as the eyes of servants look unto the hand of their masters, and as the eyes of a maiden unto the hand of her mistress; so our eyes wait upon the LORD our God, until that he have mercy upon us.

 Have mercy upon us, O LORD, have mercy upon us: for we are exceedingly filled with contempt.

 Our soul is exceedingly filled with the scorning of those that are at ease, and with the contempt of the proud.

"Venham sobre mim também as tuas misericórdias, ó SENHOR, e a tua salvação segundo a tua palavra.
Assim terei que responder ao que me afronta, pois confio na tua palavra." 
Salmos 119:41-42

Let thy mercies come also unto me, O LORD, even thy salvation, according to thy word.
So shall I have wherewith to answer him that reproacheth me: for I trust in thy word.

E , prostrada, deixou que o Tempo levasse consigo  a dor …e adormeceu   em Paz….


quinta-feira, janeiro 20, 2011

Coices


O Poder faz muitas vítimas: a primeira é logo quem o procura porque esquece a sua natureza humana e começa a zurrar como um comum animal de quatro patas!