(foto de BlueShell)
Cheguei e fechei a porta atrás de mim como se de lá de fora nada, nem ninguém, me pudesse magoar. E desejei ficar, simplesmente ficar ali do lado de dentro da porta, agora fechada à chave. Era o meu refúgio, o meu poder escapar às investidas da Vida…e dos Homens.
Açoitada pela crueldade, pela ganância e inveja de alguns…deixara de crer em todos.
Lá fora tudo me é hostil.
Lá fora eu não compreendo, não sei mais do que aquilo que vejo ou ouço: sorrisos e palavras fáceis. São mantos que escondem arrogância, malícia e mentira. A essência não é mais que podridão. Todos se enganam e enganam-se uns aos outros: pactuam com a mentira, com a hipocrisia: e quando o incauto menos espera é quando sobre ele caem os que há pouco lhe faziam juras de amizade eterna.
Não…não compreendo…e fecho a porta atrás de mim.
De fora vêm apenas os ruídos longínquos de um ou outro carro que passa. Mas eu estou segura, agora. Porque me fecho dentro de mim. E a porta está fechada e eu estou do lado de dentro da porta.