(foto de BlueShell)
Da infância feliz restam o cheiro dos cedros, o cantar dos pássaros, o céu azul, a capela em cujo adro tantas vezes brincou com seus irmãos…e as recordações de tudo isso.
Nesse tempo havia inocência suficiente para acreditar que o Tempo era todo nosso; que todos estariam vivos um dia. Que depois de cada inverno viria sempre uma primavera…
Nesse tempo ajudava o seu pai em algumas tarefas agrícolas. Ele era por as couves nos regos, chegar-lhe cântaros ao atomizador para “curar” as videiras, regar o feijão-verde, daquele de subir, e que ela por força do imaginar cria ser uma imensa floresta labiríntica…era a sementeira das batatas e, a meio da manhã, a “bucha ao pessoal”! Ainda hoje lhe estão a saber bem aquelas batatas cozidas com a pele e acompanhadas com bacalhau.….
Recorda-se de, já pela tardinha, em pleno verão, andar a apanhar cebolas com a Ti’Anunciação.
Mas também brincava: um dia ela e o seu irmão estavam a competir para ver quem fazia em menor tempo, de bicicleta, uma recta da estrada entre Aldeia Nova e sua casa. Ela via o seu irmão lá ao fundo, já na curva. Pegou na bicicleta e começou a pedalar com quanta energia tinha. Tudo parecia estar a encaminhar-se para a vitória. Mas a certo momento, a estrada de macadame, fez com que o guiador lhe saísse das mãos e, descontrolada, a roda da frente rodou sobre si mesma projectando-a a alguns 5 metros à frente. Atordoada e com dores viu, pelo canto do olho, o irmão correr para si. A custo levantou-se e não deu “parte fraca”! Sei que nessa noite o pai tinha planeado levá-los ao Circo, a Mangualde, e não obstante as dores e o mercurocromo…lá foram como se o dia não tivesse tido ainda emoções suficientes.
28 comentários:
Fizeste-me lembrar da primeira bicicleta que recebi. Viagem inaugural, com um primo mais pequeno atrás, vem a curva, a bicicleta parte-se ao meio. Lá vamos os dois por uma ribanceira, só parámos numa vinha. Toca a levantar, lavar as feridas numa fonte e pegar nas duas metades da bicicleta. Fosse hoje e ainda devia estar a soro nalgum hospital, com direito a visita da TVI e tudo!
Beijocas!
Recordar não é apenas viver (de novo)...
Recordar é, também, trazer à realidade presente muitos e muitos lampejos de ternura, doces e ternos sentimentos de gratidão, de partilha, de amor...
As memórias poderão "estar" armazenadas fora dum corpo que morrerá um dia... bem guardadas na "memória" dum universo vivo, que perdurará sempre, quer queiramos quer não...
E isso é adorável. Saber que "histórias" como esta não se perderão nunca!...
A foto está muito bem...e a estória , graças a Deus, teve um final feliz
Abraços
Minha amiga querida, nessa vida, nada melhor que as lembranças que carregamos, que os caminhos que percorremos,,,e tudo que no coração guardamos...grande beijo de bom final de semana pra ti,.
Antes de mais quero agradecer os votos de parabéns deixados na minha querida Ana Martins.
Muito obrigada.
Amiga,
Este conto fez-me sorrir e trouxe-me à lembrança tantas coisas boas da minha infância.
Devido às sucessivas quedas por causa da bicicleta, ainda hoje só faço tricicleta... juro que é verdade.
Beijinho
Ná
Belas memórias!
beijinhos
lindas memorias
Bjinhos
Paula
Nossas vidas são feitas também de memórias. Gostei muito do texto, parabéns, já te sigo.Beijos
Um sábado cheio de carinho e muita poesia pra ti minha querida amiga...beijos e beijos.
As nossa recordações são a nossa riqueza seja para lembrar as coisas boas seja para aprender com as menos boas.
Muitos beijinhos, amiga !
Verdinha
Não sei andar de bicicleta, nunca soube.
Da minha infância resta-me o cheiro a pão quente, a trancas de pinheiro, pinhas, resina e farinhas...
Beijo, BlueShell
Quem não se lembra dos seus tempos de criança, depois de ler uma historia de vida, destas?
Quem não sonhava nessa altura? se é o sonho que comanda a vida?
Ainda hoje sou sonhador e ainda hoje recordo, quando me meti dentro com a bicicleta por um silvado.
Quando atirei com 3 mulheres para o chão, quando de regresso do rio e com o alguidar da roupa lavada conversavam distraidamente.
Quando em louco correria, entrei pela Baía do Seixal. Valeu-me a maré estar vazia.
Enfim, éramos pequenos artistas de circo e por isso também tínhamos um prémio. ir apreciar o ciclista/artista dos nossos sonhos.
beijos
as memórias, sempre vivas...
a foto muito boa.
um beij
Conchamiga e... azul
Em primeiro lugar: bela estória, vivida, sentida e um tanto... dorida; mas tudo está bem quando acaba bem. E o circo era mezinha infalível para arranhões & afins. Hoje, sabe-se lá...
Em segundo lugar: muito obrigado pela tua visita e pelo teu comentário; a nossa Travessa enche-se de alegria quando chega nova gente boa.
E, finalmente: adoro e respeito pessoas corajosas, como vejo que é o teu caso.Muitos parabéns. E não te esqueças que os cães ladram e a caravana passa
Qjs = queijinhos = beijinhos
Um texto que com pequenas alterações se adaptava à minha pessoa. Teria de lhe acrescentar as imensas tareias que levava, umas vezes adiante de 'chapada' outras com uma vara (verdasca). E, interessante, tenho a sensação que não era pessoa má, tanto que na escola não me lembra de ter sido 'castigado'.
São tempos de que não tenho saudades, nenhumas, nenhumas.
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Que a felicidade ande por aí.
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Manuel
deproposito@sapo.pt
Sabes? Nenhum comentário resumiria melhor o belo texto, que o seu próprio título. realmente, memórias assim alimentam a vida! :) Boa semana.
Olá
Retalhos de uma infância saudável, livre em que se dava valor ao que nos era dado.
Belíssima foto.
Bjs.
Adorei sua visita e seu blue !
Textos poéticos , lembranças,memórias uma prosa sempre deliciosa por aqui.
Obrigada
Vou linkar e dentro do possivel, fazer-lhe companhia.
um abraço do lado de cá do Atlantico essa imensidao que nos separa e que com click nos une.
feliz semana
Bonita prosa, é bom recordar
saudações amigas
Olá, Blue
O nosso quotidiano revitaliza-se se fizer uma boa gestão das memórias e do esquecimento.
Tratar-se-ia de arrumar o cérebro, e sobretudo hierarquizar informação para que as emoções sejam validadas com melhores indutores.
É desta maneira que gosto de memorizar e esquecer.
Qualquer coisa como desfragmentar op cérebro -- Se me for permitida a comparação -- e, por essa razão ser sensível a esta brilhante relato do teu passado.
Bjs
ola BlueShell
sou admirador da tua escrita há bastante tempo.
é com prazer que te encontro. novamente...
beijos
Amigs esritora.Tu facilidad de palabra te hace ver aquelo que tu imaginación quiere ver.
Si de la foto de un bodegón haces
esas histórias,tu mente és capaz de volar y volar.Me gusta tu imaginación.
Gracias pot entrar en mi blog,espero que se repita.
Un fuerte abrazo
É verdade!
As memórias, alimento do corpo e do espírito, essas amigas traiçoeiras. Vivemos pelas lembranças, guardando pedaços, cheiros e sons que nos chegam de onde menos esperamos, e pela saudade que elas nos despertam. Umas vezes tão confortantes, outras, nem tanto, mas sempre presentes. E tão necessárias. Como a dor provocada pelo mercurocromo, que de tanta, nos esquecíamos do machucado.
¬
Bom dia.
Olá BS, são estas memórias que nos remetem à nossa infância que muitas vezes nos dão alento para continuar neste percurso que chamamos de vida. :)
Querida Blue Shell
A bicicleta olha para ti e sente as saudades de quando a levavas pelos caminhos... por aí...
Beijo
Daniel
Estimada amiga.Tus comentário a mi foto,refejan una gra realidad,que padecen los ancianos SOLEDAD. Si te gustan mis elucubracioes y mi forma de interpretar la fotografia,quedo agradecido por ello.
Un fuerte abrazo
Amiga mia.Lamentablemente en estos tiepos no ha lugar para los ancianos,
vivimos en una sociedad consumista y ególatra.
Yo soy sectogenário,pero mi mente vuela para no quedar atrapado.
Un fuerte abrazo
Gostei muito desta foto! Textura das sombras...muito bonita mesmo! Excelente texto também. Abraço
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