quarta-feira, dezembro 29, 2004

E porque mudei de música...

...trouxe comigo também a letra...


lirio


(foto de João Roxo)


...e o desejo de que NUNCA NINGUÉM se sinta SÓ!

UM FELIZ E ABENÇOADO 2005, para todos vós, aqui da BLUESHELL.


muitas


When I was young
I never needed anyone
And making love was just for fun
Those days are gone
Livin' alone
I think of all the friends I've known
When I dial the telephone
Nobody's home

All by myself
Don't wanna be
All by myself
Anymore


Hard to be sure
Sometimes I feel so insecure
And loves so distant and obscure
Remains the cure


All by myself
Don't wanna be
All by myself
Anymore
All by myself
Don't wanna live
All by myself
Anymore


When I was young
I never needed anyone
Making love was just for fun
Those days are gone


All by myself
Don't wanna be
All by myself
Anymore
All by myself
Don't wanna live
Oh
Don't wanna live
By myself, by myself
Anymore
By myself
Anymore
Oh
All by myself
Don't wanna live
I never, never, never
Needed anyone

segunda-feira, dezembro 27, 2004

LOUCURA!


naluz


E nessa espera, seu corpo treme...
Seu olhar é de ternura,
seu desejo é loucura!

Na procura de si, em outro
se encontrará?...- Oh... ilusão!

Nas palavras ditas adivinha
um universo...e caminha sem ver,
sem olhar senão as notas da canção
- improviso em lá menor...

E sente, nos seus,
esses lábios quentes
que não provará jamais!

sábado, dezembro 25, 2004

Voz das Beiras - on line (excerto do Editorial)

...
" (...)O Natal é sobretudo a festa da família, pese embora a degradação da mesma, por força da tal Sociedade doente, quase moribunda.
Cristo a ter existido nasceu num dia qualquer. E se de alguma forma o comemoramos, faça-se então Natal todos os dias.
O olhar distante tem forçosamente de se transformar num olhar atento, fraterno, amigo, um olhar sem medo, um olhar nos olhos do outro, do nosso semelhante. Não lhes demos indignidades sob a forma de esmolas; demos-lhes alternativas, dignidade e o ombro amigo que fará a diferença entre a ignorância pura e a existência decente.(...)"
http://www.vozdasbeiras.com/index.asp?idEdicao=83
Por A. Pinto Correia


soeu

(foto de José Manuel Gonçalves)


Um texto, bem conseguido e expressivo, ao qual eu não me atrevo a acrescentar nada e cuja leitura, na íntegra, se aconselha.

sexta-feira, dezembro 24, 2004

SE...


tualuz

(foto de Alvimar Rodrigues)

...não se ouvisse chorar
por esses casebres fora...
Se não se soubesse que há
dor
na espera e na demora
de alguém que não virá
para confortar quem chora...

Se eu pudesse assegurar
sem presunção nem vaidade
que Cristo, o Redentor,
a todos há-de trazer
mais que a felicidade...
a Vida...

E se tu pudesses crer
(oh, qual verdade perdida!...)
que já não se ouve chorar
por esses caminhos fora...
eu diria, de contente, que o
Natal era...
AGORA!


quarta-feira, dezembro 22, 2004

... e o frio...


nevao

(foto de Filipe Cayola)

...tomou conta de mim!
Toda eu me sinto assim, nua
porque tardas em me fazer
tua; e o teu calor sabe a ausência e a dor...

neva

(foto de Teresa Rosa)

E percorro, sem olhar, esse lugar...
e tenho medo de
reparar e ver...que não te sei
por te não reconhecer...
Só porque ousei
desnudar-me, assim, para ti, amor!

LONGE DE MIM...PERTO DA DOR!

Ouves as minhas lágrimas? Vês as minhas chagas abertas lá no fundo do meu peito?
Foram palavras e arrogância que me feriram, que fizeram murchar a flor do meu sorriso.

noescuro

(foto de Mário Pereira)

Foram palavras ditas com desprezo, palavras da cor do mar quando, nas ondas, engole o náufrago! E me senti assim, longe de quem sou, longe de mim...
Ouves as minhas lágrimas?

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Que tolas...as palavras!!!


move

(foto de João Vasco)

Ainda a inspiração vem longe e já os dedos fazem cócegas no teclado... e o branco no monitor convida a que as letras por lá se espalhem, como pessoas vistas ao longe, no pico do Verão, à beira mar estiradas, em suas toalhas estampadas....
Mas as palavras, essas, atropelam-se umas às outras: cada uma quer chegar primeiro; tão tolas...não sabem que, para que se faça sentido têm de estar por ordem...não podem arremessar-se para o espaço da escrita à toa, têm de esperar cada qual a sua vez...Mas teimam. O verbo, então, todo emproado e com a mania de que nada se faz sem ele ( o que é verdade) vem a passos largos, seguido do nome, ou substantivo... (como se dizia no meu tempo).Ah, mas os adjectivos reclamam que sem eles nada tem cor ou forma e avançam destemidos atropelando as coitadas das preposições e conjunções! Felizmente...existe o advérbio que, tranquilamente põe ordem na confusão. Pronto... mas agora as interjeições desataram num pranto que é um misto de fúria e de dor. Ouço-as claramente: “OH; AI!;”...
E as pontas dos dedos impacientam o teclado...ele espera, enquanto pela minha cabeça, entre o choro das interjeições e o suave toque de uma música, passam imagens de cor e sol e dança...
E sem que eu desse por mim...invadem – me o espaço em branco as figuras de estilo: são metáforas, comparações, hipálages, antíteses, sinestesias, pleonasmos, quiasmos...um sem fim de artifícios poéticos ....
“Não, assim, não! Hoje não escrevo: perdoai mas enquanto não houver ordem e respeito no mundo das letras...recuso-me a escrever.”
E foi assim que hoje deixei o teclado e virei costas ao monitor.
Usando a Função apelativa da linguagem disse “basta”!
E não escrevi.
Entretanto a inspiração...que vinha longe...assustou-se e não veio, de todo!

sábado, dezembro 18, 2004

E o teu, qual é???

Todos temos um “dom”.
Por vezes, não sabemos que o temos.
E nem sempre é fácil “descobrir” que dom é esse.

paramim

(foto de A. Pereira)

O de falar bem? De comunicar? O de cantar? O de ter talento para pintar, para representar? O de “termos mão para a cozinha”? Ou talvez o de argumentar?...o de dar com abnegação? O dom de ser generoso para quem nos ofende? O de nos “fazermos entender” pelos animais? O dom de sermos pacientes? Sim, porque a paciência, além de virtude é, também, um dom.

Todos temos um dom, ouço dizer há anos!

parati

(foto de X. Maya)

E ainda me pergunto: qual será o meu dom?
A resposta não chega...tarda!
E o Tempo não se compadece e passa a uma velocidade que, sendo sempre a mesma, ainda assim, atordoa...e magoa.
Qual será o meu dom?

tulipa

(foto de Antínio Silva)


E o teu?
Sabes qual é o TEU DOM?

quinta-feira, dezembro 16, 2004

RAIVA!!!

Hoje não há imagem, não há senão texto, despido
de artifícios poéticos, figuras de retórica
ou outras parvoíces inventadas
pelos tolos poetas.

Hoje há palavras apenas,
De raiva;
Raiva e dor…ambas contidas,
Presas, reprimidas!
Sequer há lágrimas…coisa de fracos!
Sequer há mais que o sentir
O vazio de um quarto escuro:
O meu MUNDO,… Hoje!

terça-feira, dezembro 14, 2004

DESEJO


zen

(foto de A Brito)


Desejo de ti, de teu sabor,
Desejo aberto em flor
Desejo infinito de te amar,
Desejo de saber de cor
O sabor de teu suor…

É este o meu Tempo presente:
desejar-te mais e sempre;
beijar-te, partir por teu corpo
à descoberta de mim,
ser um princípio sem ter fim…

Desejo, sim, puro querer
Ausente a razão ou o dever…
Simplesmente obedecer à vontade de te ter…

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Esta é grande...vai demorar a ler...hehehe


teia

(foto de Pedro Aguilar)


Saí cedo. A casa pesava-me e a rua parecia oferecer paz, pelo menos, àquela hora.
Ruas quase desertas, candeeiros ainda acesos faziam concorrência às montras das lojas enfeitadas com luzinhas natalícias. De vez em quando, das árvores que ladeavam o passeio, caía uma ou outra gota de chuva; eram gotas já cansadas na tentativa de se manterem penduradas num galho. O ar era frio, cortante. Mas despertava-me os sentidos que, entorpecidos, se viam agora confrontados com sensações sôfregas de serem sentidas...era o cheiro da erva molhada, o doce aroma de pão acabadinho de sair do forno de uma pastelaria ali perto...E o céu, esse, espreitava-me lá do alto, por entre os telhados dos prédios da cidade adormecida! Parecia-me ter a cidade só para mim! E súbito, larguei a correr pelo passeio, depois pela relva do jardim, como criança solta em rebelde liberdade, sem medos, sem “vergonhas”, sem me importar com o facto de “parecer mal”...corri, feliz! Quando parei toda eu me ria. Arfando, ergui os braços como maratonista que corta a meta e tem certa a vitória. Nuvens de vapor se formavam enquanto eu respirava, e eu já não sentia frio. E ri mais ainda quando reparei que, comigo, tinham corrido, quatro cães vadios...quase meus rivais a cortar a meta. – “ Ai é? Quereis mais? Quereis brincadeira...seus malcomportados. Então vamos a mais uma corridinha, só p’ra tirar teimas!” – E os meus olhos viam já o jardim municipal, tão arranjadinho, tão bem tratado, e cheio de sebes, perfeitos obstáculos de uma pista imaginária , prontos a serem vencidos de um salto só. (Embora saltar me incomodasse um pouco pois fazia-me doer os seios,...sempre assim fora...). Assobiei chamando os cachorros mas...sem saber como, uma enorme mão, vinda de uma manga azul, estacionara no meu antebraço esquerdo. Segui a manga com o olhar e...lá no cimo do pescoço estava uma cara, muito séria, com um boné, ou isso, na cabeça!
- “A senhora sabe que é proibido pisar a relva dos jardins?”
- Bom dia, Sr. Polícia...Guarda?...Agente...Hummm, peço desculpa...foram os cães” – menti. – “andava a espantar os cães que estavam por aqui a rebolar-se e a estragar o relvado e a urinar nos troncos dos arbustos, percebe?”
Olhámo-nos como quem se quer digladiar. Iria ele acreditar? “É Guarda...mas não é necessariamente burro”, pensei. E no entretanto eu admirava a farda, tão azul com botões tão bem polidos...
Os candeeiros já se haviam apagado. Os cães já ladravam longe, aqueles estupores...que nem para sustentar uma mentira serviam, os traidores! Talvez desiludidos comigo que não cumprira o desafio que lhes propusera...já quase não se viam.
- “ Já viu que está encharcada? É melhor ir para casa, mudar de roupa ou vai apanhar uma valente gripe!” (pensei que ele dissera ou vai apanhar 2 dias de cadeia)! Tenha um bom dia, minha senhora.”
Virou costas, rápido e firme, e deixou-me ali, no meio do jardim, estarrecida! Claro que ele não acreditara! Vira-lho nos olhos. Mas também não se irritara, não me estragara o dia ; pelo contrário: pactuara com a mentira e com a minha infantil atitude. E sorrira...ao olhar para trás, já a alguns metros do local...do crime, sorrira para mim de uma forma sensualmente cúmplice. Não sabia o nome dele pois não havia lido com atenção a placa no peito dele.
E ali estava eu...num dia de frio, cheia de calor...e apaixonada, sim deveras apaixonada por um agente da Guarda Nacional Republicana...

sábado, dezembro 11, 2004

ELA RALHA!!!

Não te vejo, sinto-te!
Não te vejo, sonho-te!
Quero-te; não te tenho!
Desejo-te: tremo de mim...


insonia

(foto de Alberto Calheiros)

Porque te sinto, te sonho te quero e te desejo...
a Razão me ralha e não consente
que o meu sentir-me em ti
seja um sentir puro e são!
Ela ralha e a tudo...me diz NÃO!

sexta-feira, dezembro 10, 2004

SÃO MINHAS!

As minhas árvores são minhas porque as conheço há anos.
Era eu criança e elas estavam lá, e olhavam já, de cima para baixo, as minhas traquinices de menina rebelde.

minhas

(foto de Pedro Gilberto)

Mas...não são minhas só por isso: são minhas porque elas me entendem; com ou sem folhas elas falam comigo, e me confortam e me deixam tocar-lhes e as vejo sorrir-me, assim, candidamente, quase maternalmente...
São as minhas árvores...

arvore


(foto de Luís Ribeiro)

Importa querer e... crer

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM
ADOPTADA E PROCLAMADA PELA ASSEMBLEIA GERAL
NA SUA RESOLUÇÃO 217A (III) DE 10 DE DEZEMBRO DE 1948

http://pwp.netcabo.pt/mrm/direitos_homem.htm


homem




Artigo 1.º
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

...e mais não digo!

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Vês?...e não acreditavas!


paraiso


Sopro suave, som sensual, esse, que sussurras ao meu ouvido quando me fazes mulher. Quando cada qual é quase um Todo e Tudo se rende ao rasgo de Felicidade roubada aos Anjos...

O sol nas noites e o luar nos dias


pin


De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.

E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.

Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.

Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.



Natália Correia
Poesia Completa
Publicações Dom Quixote
1999

quarta-feira, dezembro 08, 2004

Do outro lado


tempes


As manhãs frias deixam lágrimas a escorrer pelas vidraças.
Do lado de fora...o frio! As pessoas que apressadas correm...atordoadas!
Vêem-se as árvores despidas, sacudidas pelo vento implacável!
Fustigado pelo mesmo vento...é o meu pensamento!
E, que coisa espantosa esta,...eu que cá do lado de dentro não tinha frio, senti um arrepio...gélido, cortante, penetrante...
O dia convida à agitação: o trabalho espera mas impacienta-se, coitado!
São horas. A pontualidade é uma virtude...mas começar sem café...ai, isso não!
Pronto, agora sim...ao ataque: papéis para arquivar; papéis para afixar; papéis, para dar baixa no computador; papéis para seguirem no correio; papéis que deviam ter sido feitos ontem...e o dia começa a correr mal...Súbito, o mesmo arrepio...apesar do "ar condicionado"...
O olhar o relógio não ajuda! Enerva! Estou com vontade de praguejar! Não posso, parece mal, não fica bem...que diabo! E os papéis continuam a chegar, agora sob a forma de gigantescos castelos de "Dossiers"... - "Isso é que era bom" - penso de mim para mim...lá para daqui a uma semana tenho isto pronto! NÃO! tem de ser HOJE!

E é nesta fase que eu começo a fazer poemas: uns tristes, outros sensuais...outros são desabafos de quem já perdeu TEMPO demais.
E como sei que não recuperarei esse Tempo jamais...só me resta fazer poemas...uns após outros, cada vez mais...

"Oco no caminho"...


luzita1

(foto de Cleber Sousa)


Nas mãos sinto a luz

Nas mãos sinto a luz, a êxul luz
que vem das paliçadas da mansão,
a luz azul em clarificada zona então
aproxima de mim o seu facho de horizonte.

E logo eu a lembrar o querido monte
em que pousada estava sobracente a ramaria,
e logo eu então a pedir à maresia
que nos brilhos unos do futuro aproximasse

esse rumor de aves onde os raios enfeitasse
e eu oco no caminho que me guia
contivesse as minhas mágoas do passado,

e surgisse ali a minha alma em fogo-fátuo
estivesse eu em toda a dimensão do brusco
a nascer das folhas com a boca em luz arado.


Alexandre Vargas
CYBORG
Livros Horizonte
1978

Apenas para partilhar convosco...

segunda-feira, dezembro 06, 2004

ME QUESTIONO


negro

(foto de Ricardo Freire)


Em que momento, me pergunto,
em que momento de minha vida
deixei de poder SENTIR?
Um momento houve, certamente,
em que tudo passou a nada me dizer!
Nada significam as coisas para a gente.
Simplesmente não se sente:
nem raiva, nem piedade, nem dor, nem alegria, nem amor...
Quando terá sido esse dia?
Em que momento desta existência fugidia
perdi a essência do SER?!!!

sábado, dezembro 04, 2004

Nada Mais...


nua

(foto de Carlos Freitas)


Algo dentro de mim se quebou...sei que partias
E deixavas para trás o odor do amor,
as palavras ditas num sussurro,
As carícias leves e profundas, poemas de sentir
cor verde-rosa-em-flol-primaveril!
Deixavas, para nunca mais, as brincadeiras
tolas de verão, nesse mar imenso cor-de-chapéu-de-sol-a-abrir...
E deixavas-me a mim
Que tão bem te quisera
Tantos anos!
Tanto nos unira...
Nada mais nos resta!

A vida não presta!

quinta-feira, dezembro 02, 2004

O POETA

"O poeta beija tudo, graças a Deus... E aprende com as coisas a sua lição de sinceridade...e diz assim:
- "É preciso saber olhar"...
E pode ser, em qualquer idade, ingénuo como as crianças, entusiasta como os adolescentes e profundo como os homens feitos...(...)
E escreveu uns versos que começam desta maneira:
" O segredo é amar"..."

Sebastião da Gama, Diário, Ática Ed.


tulip1



E eu quero ser isso tudo: ingénua, entusiasta e profunda! E quero aprender com as coisas...e quero AMAR!

terça-feira, novembro 30, 2004

HOJE NÃO...


mao

(foto de Erik Reis)


..., não vos (me) falo de poesia! Deixemos a lírica de lado!
Hoje falo-me(vos) de desencanto, de tristeza apenas! Por nada...ou talvez por tudo! Que uma pessoa tem o direito de entristecer de quando em vez...ou não?! E daí talvez não: se considerar tudo quanto tenho...em comparação com outros que nada têm e têm mais razões para sofrer do que eu...então eu NÃO tenho o DIREITO de estar triste!...e estas lágrimas tinham o DEVER de ficar quietas lá no seu canto...Tudo é tão difícil...e até para chorar é preciso uma justificação plausível...

domingo, novembro 28, 2004

ESPELHO DE MIM


espelho1

(foto de Carlos Afonso)


Sou o teu olhar, o teu sabor, a tua sede, a tua pele e o teu calor...
Sou o dar-me inteira a ti, amor!

sexta-feira, novembro 26, 2004

CONHEÇO-TE!


nuatua

(foto de A Brito)


Conheço-te, sei a tua voz, a expressão do teu rosto; e o teu olhar, ora intenso e penetrante, ora vazio e distante ...fala-me de ti.
Sei o suave sabor de tua boca, o toque terno de tuas mãos em mim. Sei-te dentro de mim, assim, porque... então sim, sinto-te a alma a abrir-se e a dar-se-me toda, num Tempo que não conhece fim...

quarta-feira, novembro 24, 2004

NADA!


nada

(foto de Carlos Carreto)


Não sobrou nada senão a saudade; não sobrou nada senão o vazio, a solidão! Nada mais que um sentir-grito...metáfora de desespero! Não sobrou nada mais que um espasmo de dor...perifrástica que teima em se prolongar para além do Tempo...

terça-feira, novembro 23, 2004

Poema português...para ser lido com sotaque brasileiro!


visao1

(foto de Hugo Neto)


Seu olhar felino
me deixa tão louca,
me faz desejar
provar sua boca.

Me deixa excitada.
que sorte danada!
Seu olhar felino
me deixa suada.

Não olha p'ra mim
que eu fico sem jeito
Não me olha assim...
Deita no meu leito...

domingo, novembro 21, 2004

Preciso...


mimo1

(foto de António Martins)

...de um mimo!
De um mimo teu:
p'ra meu coração
se elevar ao céu!

Um mimo que fosse...
quentinho a estalar
e nele sentisse
o teu paladar!

Mas precisa ser
terno e bem doce,
p'ra ficar guardado
pelo Inverno adiante.
(ninguém disse que precisava rimar...)

(Dedicado ao amigo Azurara
que não gosta de poesia
e acha todas estas coisas
Uma sensaboria.
Recomenda um conto...
um dia...talvez!..
Se o Tempo deixar!
Mas no entretanto
ir-se-á contentando
Com meu versejar...)

sexta-feira, novembro 19, 2004

ACREDITEI!


sonho11

(foto de Paulo de Sousa)


Acreditei que podia ver
em teus olhos o quanto
me querias...
Pensei que vivias só para mim,
que nada mais desejavas que o
meu ser e o meu eu...

Sim, olhei em teus olhos e
vi amor...
Era amor fingido,
pintado em finas cores de sedução,
pronto a dar-se a todas as mulheres...
Mas...só para mim?...Não!

quinta-feira, novembro 18, 2004

Aí...


brincadeira

(foto de Miguel Oliveira)

...rompi para lá do muro e do Olhar e atravessei a Vida
Como quem passa, despercebida, na multidão das cores
E se multiplica na imensidão das flores...

terça-feira, novembro 16, 2004

Diz: "AMO-TE"...não custa nada!


solidao1


Adiámos...deixámos passar o tempo, perdemos o MOMENTO e AGORA é tarde demais. Alguém partiu sem me ter ouvido dizer: "AMO-TE"...

domingo, novembro 14, 2004

Subi bem alto


mantra

(foto de Ricardo Alves)
...na esperança de te poder ver!
Porém, a mim me vi, cá em baixo, na terra,
como quem erra, na procura do SER!

sábado, novembro 13, 2004

SERÁ...


vadio

(foto de Charlie Pitela)
...que temos coragem de olhar nos olhos aqueles que, nas esquinas, rogam "o favor de uma esmolinha"? Ou os ignoramos, ou nem os olhamos nos olhos. Será sentimento de culpa? Por nós termos tanto e eles tão pouco? Por nos lamentarmos do muito que temos e que parece nunca chegar para nada?...ou porque temos receio de enfrentar uma única realidade: " podia ser EU ali, naquela esquina, a pedir aquela esmola". ...quem sabe???

sexta-feira, novembro 12, 2004

Sem sentido...


ninho

(foto de Victor Melo)


O muito procurar "A VERDADE" faz da VIDA uma exitência sem sentido. Pois que Sentido tem uma vida que procura atingir o inatingível?
Sejamos como pássaros que fazem seus ninhos sem questionar a "VERDADE" da sua existência: estão lá - existem! Neles se abrigam e criam seus filhotes...

domingo, novembro 07, 2004

A realidade...


terás

(foto de Fernando Ladeira)

...é inimiga do muito imaginar!
Não sonhes, pois!
Limita-te ao racional e frio abraço da realidade!

sábado, novembro 06, 2004

MENTIRA


mentira

(foto de Ricardo Cordeiro)

Beijaram-se! Foi um beijo seco, atroz; um beijo daqueles que nada significam…ou que apenas confirmam o vazio que se impunha entre eles. Loucuras passadas, promessas adiadas…e o vazio! Metáfora do não-ser. E esse beijo…nada mais que o perpetuar de uma mentira que se passeava nas ruas, em bocas que não as suas, em frescos de mulheres nuas…porque presas em tela! E nem dele, nem dela emanava o fogo da vida e da paixão que outrora criara entre eles a ilusão de um amor para toda a eternidade! Mentir, mentiras em forma de beijos cruéis de sabor a lágrima não-chorada e de cor cinza-frio-solidão!

quinta-feira, novembro 04, 2004

SÃO QUEM NOS DEU VIDA E NOS ENSINOU A SER!

Lentos passos…olhares que não se fixam…porque cansados já…corpos que se deixam arrastar em turbilhões do não-ter, mãos que nada esperam, almas doridas…e as feridas…tantas! São esses, sim os “nossos velhos”…
Do passado, nada têm senão memórias ténues; o futuro nada lhes diz que não saibam já! E do presente…recebem, como quem recolhe a esmola, o pouco que sabemos dar!

quarta-feira, novembro 03, 2004

Se...

...me deixasses amar-te...
Se não te escondesses atrás da tua frieza simulada; se confessasses a ti mesmo que precisas de amor...
Mas não: mentes a ti próprio quando olhas com desdém os poetas e os amantes...porque achas, dizes tu, que - uns e outros - fogem à lógica! Tudo para ti tem de ser racinal, exacto, matemático...e o amor não tem nenhuma dessas características. Sei o que temes: simplesmente temes sofrer na entrega a um amor que te transporta para um campo que não dominas - o dos sentimentos!
Ai, se me deixasses amar-te e não fugisses de mim e de ti...

sábado, outubro 30, 2004

TIVE-TE...


reflexo



...só para mim e,
como criança desastrada
que deixa cair seu brinquedo,
assim eu, distraída e confiante
em teu amor...te larguei
no canto esquecido de meu ser!
Te precisei e te tive
esquecendo que te tinha,
ignorando tua presença
por te saber tão comigo!
AGORA SÓ TE PENSO E TE CHORO
por te saber noutros braços,
esses sim, te procuram e te têm
todo tu, que eras meu...
Esse,meu eu ...perdeu!

quinta-feira, outubro 28, 2004

SUSPEITO BEM...


vento



...que te vi hoje!
levavas no olhar a cor do sonho
E nas mãos a palavra liberdade.
Trazias nos lábios a carícia tão esperada
E pude ouvir-te a alma chamar por mim.

Passaste; não te segui:
deixei que te perdesses na multidão
Desse mundo plural...

Agora, estou só, aqui
Sabendo que jamais chamarás por mim, ou
Me darás a tua mão!

terça-feira, outubro 26, 2004

O vento...


cabelo


...rodopia e me leva para longe os pensamentos...
Finjo que não é o vento que me afaga; finjo que és tu quem me passa as mãos pelos cabelos e me beija na boca. Finjo que és tu quem me envolve em carícias mil! Finjo que a ti me entrego, ignorando o vazio que me rodeia e o vento que teima em me seduzir!

Beleza?

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.

Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?

Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.

Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!

Alberto Caeiro


domingo, outubro 24, 2004

FRÁGIL DEMAIS...


gota1

(foto de Moreira da Fonseca)

...como a própria VIDA!
Mas parecemos esquecer, a todo o momento, essa fragilidade! E voltamos as costas ao que realmente importa: viver amando, profunda e intensamente! Tão simples...tão complexo!

sábado, outubro 23, 2004

HOJE...


eterno

(foto de Nuno Jorge)

sinto um peso no peito!
Será angústia, incerteza? Medo?
A minha cabeça parece querer explodir de tanto pensar. Tantas são as imagens que já hoje me passaram pela mente. Imagens tristes, de lamento...e o mundo à minha volta continua, como que ondulando...indiferente a lágrimas ou gestos desesperados de quem ergue os braços aos céus numa prece que pode nunca vir a ser ouvida. Parar o tempo! fazer valer o meu querer...quanta ilusão! Quanta presunção....

quinta-feira, outubro 21, 2004

Breves

Tão breves são os momentos que passo a teu lado...
Queria poder fazer dos minutos, horas! Assim, estaríamos os dois juntos mais tempo nesta vida...

quarta-feira, outubro 20, 2004

Não consegui!

Estava a começar de escrever um poema.

Era sobre um menino sem infância, com o olhar cheio de ódio e indiferença; um menino esquecido, espezinhado, maltratado...

Ao terceiro verso os meus olhos estavam já plenos de lágrimas; parei, com as mãos trémulas em cima do teclado! Não conseguia ver o que havia escrito no monitor; no meu peito tinha o peso da angústia, da dor...aquela sensação de se estar a gente a transformar no "outro"...e era já o meu olhar que se enchia de ódio...

Não escrevi o poema:

era sobre um menino sem infância, com o olhar cheio de ódio...

segunda-feira, outubro 18, 2004

Muito longe


machado


Longe de mim...
Que penso de mim
Vendo-me assim...
Ao longe.
Desperto em mim...
E não conheço
A personagem que desempenho...
É um papel...
...como um desenho
Sei onde vou, conheço o Fim,
Não de onde venho.

domingo, outubro 17, 2004

Poema sem cor!


henriques


Julgava saber a cor do céu,
O odor do mar...
Julgava ter guardado p'ra mim
"Aquele lugar"...
Julgava ser tudo p'ra alguém...
E poder levar comigo tua dor,
Dar-te, não indiferença, mas amor...

Afinal...
Não sei do céu a cor
Nem do mar o odor...
Não há, p'ra mim, "aquele lugar"...
P'ra lá não vai o pecador!

Mas posso, sim, mitigar tua dor
Ao dar-te minha vida e meu amor!

quinta-feira, outubro 14, 2004

(Continuação VIII)

Apenas dois dias depois, já Margarida conseguia sentar-se numa cadeira no seu quarto. Pálida e magra mas com um sorriso que preenchia todo o espaço ao redor. Olhá-la era ter o privilégio de poder ver a Vida, ali, naquela mulher-criança.
Toda a casa, ou melhor, todo o palacete parecia agora outro. Os criados já não falavam baixo, as jarras já estavam, de novo, cheias de flores e até o sol, lá fora, aquecia a custo a relva do jardim. Maximiliano estava outro: deixara de parte os convencionalismos e ...pasme-se... um dia até recebeu Henrique Telles. Vinha para ver a senhora e desejar as melhoras. Que tinha andado muito preocupado mas que agora lhe haviam dito que senhora já recebia visitas, se não fosse muito incómodo...
Claro que não era incómodo nenhum e a senhora até ficaria contente por o ver de novo. Quem ouvisse Maximiliano não o reconheceria. Nem um aponta de cinismo, nem de ciúme. E Margarida lá o recebeu na saleta de visitas. Trazia um vestido verde-escuro, de manga comprida, com subtis bordados no decote e nos punhos fazendo realçar a alvura das mãos. Os cabelos negros, levemente ondulados, caíam soltos pelas costas e ombros e davam-lhe um ar angélico, transcendente. A conversa foi trivial e Henrique não demorou. Quando ficaram a sós foi Margarida quem, muito séria, pediu a Maximiliano para se sentar. Era importante o que tinha de ser dito e feito. Mas Maximiliano, sorria quando pegou na cadeira e se sentou à sua frente. Era o sorriso de alguém a quem, literalmente, é dada uma segunda oportunidade de vida. Quis pegar-lhe nas mãos mas ela recusou e então o sorriso dele começou a apagar-se
- “Margarida, há algo que eu quero dizer-vos primeiro, algo que eu já devia ter dito há muito”...
- “Perdoai. Mas deixai-me falar”. – Pediu ela. E continuou: “É chegado o tempo de eu partir, de me ir embora desta casa. Não vou por ressentimento, nem com mágoa, Maximiliano, tente compreender isso. Vou, porque é chegado o tempo. O nosso trato era por um máximo de um ano de um matrimónio só no papel, permitindo-lhe, assim, herdar toda a fortuna de seus antepassados. Era a exigência do testamento. Casei e aceitei os termos desse contrato. Agora quero ir-me embora, levo o que combinámos e partirei. A minha estada nesta casa pode provocar mais malefícios do que outra coisa.
Aprendi muito, fui feliz aqui e tenho de lhe agradecer o facto de ter sido sempre cumpridor da sua palavra, Maximiliano. Mas agora...impõe-se que eu vá!”
Max estava petrificado, lívido...os seus olhos pareciam os de um garoto assustado e quando quis falar...não soube o que dizer. Levantou-se! Da janela podia ver os canteiros do jardim e, lá mais ao longe as árvores. O silêncio pesava. Voltou para perto dela, olhou-a nos olhos, pegou-lhe em ambas as mãos...
- “ Margarida...e se eu lhe disser, se eu lhe jurar por tudo quanto há de mais sagrado que a amo, sim...olhai para mim, olhai e vereis que eu não vos minto, como nunca menti, vós sabeis... eu vos amo, Margarida. Há muito que vos amo mas sempre quis esconder isso de mim próprio. Achava que era fraqueza de homem solitário e que seria coisa passageira. Mas quando quase vos perdi tive consciência da imensidão deste amor, este amor que tenho por vós e que não cabe em palavras, porque enorme demais é para ser apenas dito, pronunciado...este amor que vos tenho quer-se vivido, Margarida e eu preciso de ti, querida para poder viver. Olha para mim, meu amor. Porque choras Margarida? O meu amor é, para ti, uma afronta? Então porquê essas lágrimas? É por não me amares, não é? Eu sei. És mais nova que eu, és linda, terás sempre alguém que te ame, que te queira, eu sei. Provavelmente o teu coração bate já por outro alguém, é isso?” Mas podes dizer-mo. Não te recrimino, tens todo o direito de amar alguém...mas não chores assim, por favor.”
- “Oh, Maximiliano, se soubesse, se soubesse o quanto amo...”
- “ Eu sei que magoa, o amar intensamente, não é?” E dos seus olhos correu então uma lágrima. Considerava-a perdida, perdida para si. Via-a já nos braços de um outro qualquer mas atreveu-se ainda a dizer:
- “Margarida, mas se o meu amor for maior, mais forte...que o desse outro homem por quem tu...”
- “Não, não entendeis nada! Eu amo, sim, mas amo-vos a vós. Amo-te a ti, meu esposo, amo-te a ti Maximiliano. Ou porque achas que durante quase um ano te acompanhei para todo o lado, me sujeitei a ser ensinada a ter “maneiras de senhora”, como tu dizias, senão por amor ao homem por quem me apaixonei assim que o vi? Porque achas que aceitei desempenhar esta farsa? Pelo valor material que seria a minha recompensa no final do nosso trato? Oh, Maximiliano, senhor, por muito barata me tomais...fi-lo para poder estar perto de vós, de ti...porque te amo...”
Não preciso entrar em pormenores. O caro leitor certamente imagina o que se seguiu. Maximiliano arrebatou-a para si, procurou-lhe sofregamente a boca e num beijo, daqueles beijos que fazem parar o tempo, que fazem o cosmos perecer um pontinho insignificante...assim estiveram. Ambos choravam de felicidade. Ele sentia o corpo dela junto ao seu, sentia-lhe os seios colados ao seu peito ofegante e a desejou com uma intensidade que parecia levá-lo à loucura...Os dois eram, finalmente, um só!
- “ Não, não Maximiliano....por favor, não!”
Maximiliano quase endoidecia. Subitamente ela o afastara de si, quase com repulsa...ele nada entendia, não podia entender...
- “ Margarida, mas...”
- “ Precisamente porque foi preciso eu adoecer gravemente para tu achares que eu te era importante. Foi o medo de me perderes, é o medo de me perderes que tu sentes, não é amor, Maximiliano. Porque no dia antes de eu partir, antes de eu adoecer tu sabias que eu ia embora e nada fizeste para me deter. Só quando o espectro da morte...
–“ Porque eu nesse dia estava cego de ciúmes, ou não te recordas? Eu tenho ciúmes, eu tive ciúmes...e o meu orgulho não me deixava correr atrás de ti naquele dia. Mas certamente correia atrás de ti no dia seguinte...
- “ Não, não irias atrás de mim. Só quando pensaste que eu te iria morrer nos braços é que tiveste pena de mim...e achaste que me devias alguma coisa. Achaste que me devias compensar amando-me. Mas na realidade, Maximiliano, tu não me amas. Queres-me ao teu lado, como até agora, para teres a tua consciência tranquila. Pois podes ficar de consciência tranquila porque não adoeci por tua causa, nem por causa de me teres desejado fora desta casa.”
- “ Como podes, Margarida, saber se o que eu sinto é amor ou não? Como te atreves a julgar os meus sentimentos? Como explicas aquele beijo de há pouco?”
Súbito, a porta da saleta abriu-se, Marie entrou e fechou a porta atrás de si. Vinha com os olhos banhados em lágrimas.
- “ Perdoai, ouve-se tudo lá fora e eu não pude deixar de intervir uma vez que a culpada desta discussão sou eu. Apenas e somente eu.”
-“ Marie, não!” – Implorou Margarida.
- “ Minha senhora, perdoe mas eu tenho de falar. Deixai que me sente...é que estas pernas já querem dar de si...!
- “Não entendo, Marie! Que tens tu a ver com tudo isto?” Perguntou Maximiliano.
Margarida foi até à janela. Baixinho chorava. E Marie começou a contar como desde sempre cuidara do seu menino, como se preocupava com as companhias femininas que ele escolhia. Nunca dissera nada mas lamentava que o seu menino só trouxesse para casa mulheres fúteis e interesseiras. Sem que ninguém se apercebesse afeiçoara-se a Margarida por a saber moça simples, honesta e porque compreendeu bem cedo o quanto Margarida amava o seu menino. Por isso, naquele dia em que Margarida, com a criada de quarto, fazia as malas, Marie preparou um chá de ervas daninhas que quase matou Margarida. Administrado em pequenas doses o chá poria Margarida doente, febril...mas um ligeiro engano, um pouco mais e seu efeito seria letal. E é por isso, caros leitores, que não revelo aqui a composição de tal chá! Seria muito perigoso dar a conhecer uma mistura de ervas que, como última consequência, provoca a morte. Perdoar-me-ão, mas o segredo fica entre mim e as personagens. Sim, personagens! É que Margarida, mulher do campo, conhecia bem o efeito de tal chá. Mas estava doente demais para se defender. Porém quando Marie conseguiu que Maximiliano lhe confessasse o seu amor por Margarida, não mais lhe deu chá. E Margarida melhorou. E depois não descansou até descobrir quem lhe dava o chá e porquê!
- “ Marie, tu foste a responsável pela doença de Margarida?”
- “ Sim, Maximiliano, foi ela...mas sabes por que razão o fez? Para te fazer pensar que me perdias. Para te levar a crer que me amavas...e conseguiu. Mas, como disse há pouco, isso não é amor: é medo de me não teres por perto, medo de me perderes, Maximiliano.
- “Seja, Margarida...seja medo de te perder. E depois? O amor não passa também pelo medo, pelo pavor de se perder a pessoa que se ama?
- “Perdoai, mas eu ainda não acabei. Sim, dei o chá, cuidadosamente à senhora, tremendo para que não me enganasse na mistura. E soube o que agora os dois sabeis: que vos amais. Mas continuais, perdoai que esta velha governanta o diga, obstinados e orgulhosos. O amor é uma coisa tão simples...sente-se, vive-se, partilha-se! E vós ides deixar que esse amor se perca, sereis dois seres amargos, solitários e sempre revoltados com a vida...olhai que eu sei. Agora permiti que me retire. Fiz mal...espero o castigo que entenderdes aplicar-me. Mas fiz o que um dia me fizeram a mim para eu perceber o quanto amava um homem. Soube que o amava mas não quis, por capricho, aceitar o amor dele. Fiquei só, terrivelmente só. Apenas pude agarrar-me à vida por saber que havia uma criança, sem mãe, a quem eu queria como a um filho – o menino Maximiliano.”
E saiu, fechou a porta da saleta...deixou atrás de si aqueles dois, marido e mulher, que nunca o haviam sido. Amavam-se e sabiam disso. Como poderiam ignorar esse amor?
Lá fora estava escuro, já! A saleta estava apenas iluminada por um humilde candeeiro. Os dois procuravam o olhar um do outro: o olhar não mentia, como não mentiam os beijos que trocaram, as palavras que segredaram e as carícias tímidas com que acariciaram os corpos um do outro...sim, os corpos daqueles dois que agora...eram, de facto, marido e mulher.
(FIM)

Pronto, pronto...vou mesmo terminar

Agora é que vai ser o fim...que isto deixa de ser um conto e passa à categoria de novela, não tarda nada...
Aí vai...só um minuto....

quarta-feira, outubro 13, 2004

CONTINUAÇÃO VII

Nos dias que se seguiram Maximiliano quase não saía da cabeceira de Margarida. Ás vezes, quando a governanta Marie vinha com o chá, a única coisa que Margarida conseguia beber a pequenos tragos, é que Maximiliano se ausentava. E no corredor, ou na biblioteca, deitava mãos à cabeça e, longe de todos, deixava-se chorar. Olhava os jardins por onde Margarida tanto gostava de correr. E ele sempre implicara com esse tipo de comportamento pouco digno de uma senhora. Quem dera que agora a pudesse ver, de cabelos soltos, a arregaçar o vestido que parecia que a elevava no ar e que esvoaçava…que ele bem lá no fundo sempre gostara de a admirar correndo como uma miúda, assim, livre como ele nunca se permitira ser…
Mas agora nem os melhores médicos sabiam explicar aquela febre, aqueles vómitos e aquela debilidade que se agravava de dia para dia.
Sei que os meus caros leitores já sorriem e dizem: - “Olha, a doença dos Românticos…provavelmente está tuberculosa ou apenas a morrer de amores”…Nada disso, estimado leitor…que eu não vos faria tamanha desfeita, confiai!
O que é certo é que quase depois de quinze dias confinada ao leito Margarida abriu os olhos e vendo Max deixou fugir uma lágrima.
- “ Afinal, parece que não me fui embora como o meu senhor queria…”
- “Shiuuuu…não deveis falar, Margarida, descansai…” E sorriu-lhe, suspirou de cansaço mas pensou – “ Que Deus cuide dela e a melhore…tudo está agora nas Suas mãos”.
Parecia ter envelhecido dez anos. Recostou-se na cadeira e, como fazia há vários dias, observou cada expressão do rosto daquela mulher. Via-a ali, deitada, indefesa, e apetecia-lhe abraçá-la, aconchegá-la, tê-la junto ao seu corpo, sentir o calor daquela febre que teimava não passar…
Quisera expulsá-la de sua casa e agora que quase a perdia não imaginava ser possível viver sem as suas “tropelias”, a sua altivez, a sua irreverência, a sua faceta de criança rebelde que o enlouquecia e lhe provocava uma excitação que ele desconhecia e o desnorteava…
E via-a dormir. Sentia o seu seio arfar…e desejava beijá-la, mergulhar naquele corpo, o corpo da sua mulher…que nunca fora seu, nunca lhe pertencera. Sabia-o agora: sim, amava…amava desesperadamente aquela criatura de Deus. Sem ela nada valia a pena. Seria pecado tamanho amor? Seria por isso que iria perdê-la? Por a amar tanto assim? Não…não: Deus não o podia permitir…e ergueu-se bruscamente, deu alguns passos em direcção à janela, e de mãos na cabeça, era visível a sua dor, o seu desespero!
Foi interrompido por Marie, a governanta, que desta vez trazia um caldo.
-“ Perdoai, senhor. Ela já deu de si?”
- “Sim, há pouco quis falar…pode ser que…que esteja a melhorar, não sei…já não sei nada”…
Qualquer pessoa se compadeceria daquele homem curvado à dor a uma perda que antecipava já.
-“Senhor, menino Maximiliano, tende fé…como a senhora vossa mãe me dizia!… e lembrai-vos que há duas gerações que estou nesta casa, já vi o menino nascer, conheço-o como a minhas próprias mãos e adoro-o como a um filho. Quando sua mãe partiu (que Deus a tenha) jurei a mim mesma cuidar do menino como se fosse meu filho. E uma coisa lhe garanto: a senhora vai ficar bem, tende fé, eu sei que ela vai ficar bem…
- “Mas, Marie, como pode dizer isso sabendo que nenhum remédio, nenhum médico…
- “ Mas eu sei, senhor, eu sei que ela vai ficar boa.
- “ Mas como?...Não entendo…
O olhar de Marie era penetrante: - “ apenas porque ela vai saber o que o menino já sabe. Que não consegue viver sem ela, só isso. Pois não é verdade? Não é verdade que amais esta mulher mais do que a própria vida? Dizei-mo, ou então, menti, se tiverdes coragem para negar…”
-“ Oh, Marie, só tu…deixa que te trate assim…só tu podias adivinhar o que sinto por ela. Sim, amo-a, quero-a ao meu lado, sempre, sempre comigo, só minha…dar-lhe todo o meu amor…mesmo que ela me não ame…quero eu amá-la, o meu amor será forte e eu quero apenas poder amá-la! Meu Deus…eu quero-a viva, quero-a para mim, só…” mas não pôde continuar…os soluços sacudiam agora aquele corpo forte de homem!
- “Pois eu vos digo…ela vai melhorar. Vós é quem agora precisa descansar. Ide, ide enquanto eu lhe dou este caldo antes que arrefeça”…E quem olhasse atentamente podia ver um sorriso bondoso no rosto sulcado de rugas de Marie.

terça-feira, outubro 12, 2004

ATENÇÃO

...que isto agora vai direitinho e rapidinho até ao fim...hheheheehh...Tive um sonho... e já sei o que vai acontecer. Sei mais do que vós...acho!

segunda-feira, outubro 11, 2004

CONTINUAÇÃO VI

Estiveram assim, em silêncio: ele olhando o vazio; ela, de mãos atrás das costas à espera. Subitamente ele voltou-se para ela e numa voz cava e funda, que a fez empalidecer disse apenas – “ Se a senhora tinha a intenção de vir desonrar a minha casa podia tê-lo dito há mais tempo. O nosso trato acaba aqui, neste preciso momento.”
- “Mas, senhor...”
- “Basta. A senhora não será prejudicada. Terá direito ao montante que combinámos, embora ainda faltem 2 meses para se cumprir o tempo do nosso acordo. Peça a uma criada que a ajude a recolher os seus pertences e depois de amanhã abandonará esta casa. Tomarei providências para que tenha uma carruagem à sua espera.” – E Maximiliano disse tudo isto quase de um fôlego só, olhando-a com desprezo enquanto ela, se encolhia mais e mais para a ombreira da porta tremendo.
- Mas eu não entendo...
- “Já disse que basta! Como se atreve a questionar as minhas decisões? Saia imediatamente...”
- “Pois não saio! Não saio e o Senhor perdoar-me-á mas não saio enquanto não souber o motivo de tamanha ira e de tal decisão” – disse Margarida fazendo valer a robustez de mulher do campo que, bem lá no fundo, continuava a ser. E Margarida não era mulher para ouvir e calar...assim..., isso é que era bom! Podia até sair mas primeiro queria tudo às “claras”! Porquê aqueles modos para com ela, porquê expulsá-la assim...ah, exigia ali mesmo uma explicação.
Nunca Maximiliano se vira assim confrontado e isso enfureceu-o ainda mais a ponto de se tornar cínico, pretendendo propositadamente ferir a mulher que ele se habituara a admirar e a ter como companheira nas pequenas e grandes ocasiões do dia-a-dia.
- “Olhai que muito me espanta a vossa falta de respeito próprio. Se uma verdadeira senhora fosse, retirar-se-ia...mas não...quer ouvir da minha boca os porquês? As razões? Como se as não soubesse já...a fazer-se ingénua. Pois ouça: não quero em minha casa, debaixo do meu tecto uma mulher perdida...capaz, quem sabe, de se aventurar por esses bosques com o primeiro homem que lhe aparecer. Ou pensais que eu não observo, não vejo o caso que tendes com Henrique Telles? Parece que até já na vila se comenta, segundo a Governanta me disse ...Já há algum tempo que estou de sobreaviso. E os olhares trocados entre si e o Juiz da comarca?...Um homem casado, pai de filhas...Queríeis saber? Pois aqui tendes: a minha esposa, que por comum acordo nunca se deitou comigo, anda, quem sabe (?) nas mãos de todos os homens das fazendas e herdades ao redor...!
Não teve tempo de terminar porque a mão delicada mas forte de Margarida lhe assentou uma bofetada que, ao tomá-lo de surpresa, o deixou lívido e mudo.
“ - Digo-vos que vos enganais. Nunca ninguém me tocou e sempre me dei ao respeito. Mas agora sou eu, senhor, que darei por perdido o meu amor próprio se mais um dia passar sob o mesmo tecto que o senhor. Com licença” – E abrindo bruscamente a porta da biblioteca ...saíu.
Caminhou a passos firmes para o quarto, não havia uma lágrima, uma expressão que não fosse a altivez do seu porte. Chamou a criada de quarto e deu ordens para que fossem feitas as suas malas. Não queria levar grande bagagem. Nada de vestidos de cerimónia...só o mais simples. As jóias...nunca as considerara suas, eram apenas adereços valiosos que usava para causar boa impressão nas festas. Por isso, as jóias ficavam. Ficavam os capéus e parte do calçado. Ao fim do dia estava pronta para sair. Decidira partir ao outro dia pela manhã. Despediu a criada e, a sós com o silêncio do seu quarto, chorou. Chorou como menina injustiçada, como mulher escorraçada, chorou como esposa nunca amada...e nem se lembra de ter adormecido. Acordou ao som dos pássaros madrugadores...ainda pensou se tinha tido um pesadelo mas não, tudo o que se passara na véspera fora bem real. Estava na hora de partir. Esticou as penas para fora da cama e sentiu o chão fugir-lhe...

marques



Agora ouvia lá longe a voz da criada de quarto que dizia – “ É que todo o dia de ontem a senhora não comeu. Dei com ela desacordada agora há pouco quando vinha abrir as janelas”. E parecia-lhe a voz de Maximiliano...mas estava cansada, cansada demais sequer para abrir os olhos. Sentia frio, muito frio e uma dor fina na perna esquerda.

quarta-feira, outubro 06, 2004

CONTINUAÇÃO V

Mais festas se seguiram e o casal marcava a sua presença sempre com uma postura social e moralmente invejável. Max estava cada vez mais orgulhoso de sua esposa e Marge quase já não fazia esforço para causar boa impressão. Era natural, espontânea....encantadoramente feminina!
Uma dessas noites, no salão contíguo à sala de música do palácio do Telles, amigo de longa data de Maximiliano, e por entre os cetins púrpura que vestiam paredes e bancos, a conversa entre Marge e Henrique era animada. Discutiam a “virtude de um homem de leis”, como Henrique em defender criminosos assumidos. Marge achava admirável se bem que um pouco fora seus princípios morais. Henrique...pois quem era Henrique? Henrique Telles, filho do abastado Eduardo Telles, jovem advogado, cobiçado pelos melhores partidos da região, tinha frequentado as melhores universidades do estrangeiro e exercia agora a sua profissão com êxito e orgulho. O velho pai preferia vê-lo casado e a tomar as rédeas das herdades da família...mas o rapaz, filho único, saíra travesso, paciência! Era como a mãe: bonito mas muito senhor das suas convicções!
E, encostado à ombreira da porta, com um copo de xerez na mão, Maximiliano observava-lhes os gestos, os sorrisos o olhar brilhante de Margarida. Hoje o preto do vestido, em contraste com o seu colo ebúrneo, davam-lhe um ar quase sobrenatural. E ele observava-lhe o cabelo sedoso que lhe pendia para as costas e quase chegava à cintura. E observava Henrique que, como um Hércules, se inclinava sobre ela como se lhe segredasse algo.
Nessa noite, na caleche, já de volta ao seu palácio...só Marge , ainda eufórica, contava o teor da sua discussão com Henrique. Parecia uma criança a quem dessem um novo brinquedo e não se cansava de o exibir...
- “Se a senhora, minha esposa, fizer o favor de se remeter ao silêncio”...Foram as únicas palavras que Marge ouviu e calou-se. Não entendia o porquê da rispidez da voz de Maximiliano, nem entendia o seu silêncio. Talvez estivesse doente, alguma dor...Quase abria a boca para perguntar mas...sabendo que isso poderia irritá-lo não disse coisa alguma.
Ao outro dia, a criada de quarto veio acordá-la cedo dizendo que o senhor estava na biblioteca à espera dela. Parece que queria conversar com a senhora...não sabia de mais nada! Tinham sido as ordens que a governanta lhe transmitira.
Preocupada, arranjou-se à pressa, e desceu sem tomar o pequeno-almoço. Só se ouvia o ecoar dos tacões dos seus sapatos e, quase ofegante, chegou à porta da biblioteca, respirou fundo, bateu e, depois de ouvir um “entre”...entrou. Maximiliano estava de pé, de costas para a porta, olhando a paisagem pela janela. Ela esperou, de pé também.

terça-feira, outubro 05, 2004

ESPERAI AÍ...

...é que estou indecisa entre matar Margarida ou deixar suicidar o Maximiliano...
Esperai...é só um instante. É que tenho de arranjar uma arma, um assassino, o móbil do crime...ou então optar por veneno - no caso do Maximiliano - (tenho de ir consultar ume enciclopédia para ver os tempos de reacção e as quantidades)...e depois tratar da nota de suicídio...( veneno é mais usado para mulheres...não para um macho viril como Max...)Talvez um punhal...
Estais a rir??? Pois olhai que não é tarefa fácil!!!
Mas esperai...que sair...sai!

domingo, outubro 03, 2004

Um renque...


alaranjadas



Um renque de árvores lá longe, lá para a encosta.
Mas o que é um renque de árvores? Há árvores apenas.
Renque e o plural árvores não são coisas, são nomes.

Tristes das almas humanas, que põem tudo em ordem,
Que traçam linhas de coisa a coisa,
Que põem letreiros com nomes nas árvores absolutamente reais,
E desenham paralelos de latitude e longitude
Sobre a própria terra inocente é mais verde e florida do que isso!

Alberto Caeiro
Eu gostaria de ter dito isto...mas Fernando Pessoa...antecipou-se! Gosto dele!

sábado, outubro 02, 2004

CONTINUAÇÃO IV


interior


E durante todo o jantar Margarida comportou-se de forma exemplar. Irrepreensível! Os seus comentários eram pertinentes e oportunos e mesmo quando alguém lhes perguntou: -“ e então para quando um bebé cá em casa?” – Ela respondeu simplesmente – “-Quando for da vontade do meu senhor”...o que foi interpretado pelas “beatas” do sítio como uma prova de máxima, imensa e inequívoca religiosidade. Havia quem dissesse que Max, como era tratado pelos amigos, tinha conseguido esconder aquela “relíquia” e que agora compreendiam bem a razão, e davam-lhe os parabéns...apesar de quase todos não tirarem os olhos dela e invejarem Max pela “sorte”que que tivera! Mesmo as senhoras...não deixavam de ter uma pontinha de inveja. Ela vestia bem, era linda e jovem, era amada por um homem tantas vezes cobiçado...mas que teimara em permanecer solteiro até agora! Uma coisa que só se entendia se ela o tivesse enfeitiçado, dizia a Baronesa em surdina à mulher do comendador.
Mas, como o meu caro leitor se recorda....este casamento era uma farsa! Permitia assim que Maximiliano recebesse uma herança jamais pensada por aquelas bandas. E que nem Max, nem Marg haviam sequer trocado um beijo...quanto mais comungado o leito conjugal. E ainda, estimado leitor, ao fim de um ano, dariam fim ao “matrimónio, Marg receberia alguns bens e continuaria a sua vidinha pacata na aldeia de onde era natural. Isto para que o leitor distraído, como eu sei que é, perceba como foram difíceis para Marg estes cinco meses de adaptação a uma vida que ela nem imaginava que existia. Percebeis também que ela não era feliz...ou só o era quando corria livremente pelos campos (coisa que irritava solenemente Maximiliano, já o dissemos)
(continua...e o melhor está para vir....)